Olhar à frente

Embora os candidatos não tenham sido oficializados, as pesquisas já apontam a percepção das ruas sobre os pretendentes à Prefeitura


Por Tribuna

07/08/2020 às 06h30

Enquanto as convenções não oficializam os nomes dos candidatos, as pesquisas eleitorais tendem a olhar mais para trás do que para frente, mas 2020 é um ano atípico: em condições normais de temperatura e pressão, as discussões estariam em outro patamar, e o eleitor, por consequência, teria mais dados sobre os postulantes à chefia dos municípios. Mas os números que ora perpassam os bastidores da política não podem mais ficar em segundo plano. Eles já retratam o sentimento das ruas e devem servir de alerta para os políticos, ante o avanço do tempo até o pleito de 15 de novembro.

Quando das primeiras conversas, Juiz de Fora tinha listado pelo menos 16 pré-candidatos, mas tal lista deve ser alterada, pois, em princípio, eram especulações. O jogo, agora, começa a ser jogado, e muitos nomes, certamente, vão sair de cena por diversas circunstâncias: alguns por conta dos custos da campanha; outros, por acordos intrapartidários, e um terceiro contingente por causa da performance nas avaliações iniciais.

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Independentemente de nomes, é fundamental que as discussões foquem as demandas de interesse coletivo que são palpáveis no cotidiano. Os municípios têm o desafio inicial de se recuperarem dos impasses financeiros por causa da Covid-19 e da crise econômica que há algum tempo vem drenando os recursos das prefeituras. Estas, embora tenham a responsabilidade de enfrentar diretamente os pleitos da população, continuam na linha secundária na hora dos repasses. A reforma tributária, atualmente em discussão no Congresso, pode mudar essa geografia ou, pelo menos, mudar o modelo de distribuição dos recursos.

Cidades como Juiz de Fora, consideradas polos regionais, acumulam pleitos próprios de seus habitantes, mas são diariamente frequentadas por milhares de moradores de seu entorno, em busca de serviços tanto na área de saúde quanto na de educação. Isso implica outros processos de mobilidade, segurança e assistência social. A pandemia explicitou claramente essa situação. Até bem pouco tempo, 20% dos leitos de UTIs da cidade eram ocupados por pacientes de outros municípios. A cidade tem gestão plena do SUS e deve acolhê-los por conta de pactuações com as demais prefeituras.

Mesmo na pré-campanha, na qual os discursos são meros ensaios, já se percebe, em algumas situações, pleno desconhecimento do gerenciamento da coisa pública. As soluções não são fáceis, embora seja comum, sobretudo nos palanques, serem apresentadas soluções mirabolantes, mas não factíveis, suficiente, porém, para chamar a atenção dos eleitores.

Este ano, sem os comícios formais, caberá às redes sociais a maior parte do tráfego de tais pronunciamentos. Um dado é positivo, pois será possível alcançar um público mais expressivo, sobretudo nos tempos em que os comícios já estão saindo de moda, mas é preocupante o que será dito, sendo necessária a curadoria do Ministério Público e, principalmente, do próprio cidadão, que não deve engolir discurso pronto nem compartilhar dados sobre os quais não tenha completa certeza de veracidade.

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