O que virá pela frente
O crescimento da pandemia no Estado ocorre ao mesmo tempo que se discute flexibilização de vários setores; cidades tomam providências distintas
Ao mesmo tempo que as autoridades sanitárias anunciam que o pico da pandemia de coronavírus deve ocorrer ainda este mês, ou mais tardar até meados de julho, vários serviços estão sendo flexibilizados, ora por decisões dos próprios municípios – especialmente dos que não aderiram ao Programa Minas Consciente, de iniciativa do Estado -, ora pelo próprio programa da gestão Romeu Zema. Em Juiz de Fora, os shoppings centers e centros comerciais serão autorizados a reabrir os chamados serviços essenciais. Há expectativa de novas ações, sobretudo por conta da pressão do segmento econômico que está no seu limite, de acordo com seus representantes.
Em entrevista ao Grupo Solar de Comunicação, na última terça-feira, o governador Romeu Zema disse que sua gestão não é pautada pela intransigência. Ao contrário, em havendo propostas factíveis e eivadas de razoabilidade, elas podem ser analisadas por sua equipe. Hoje, por ter aderido ao programa do Estado, Juiz de Fora vive em oposição a municípios do mesmo porte, como Uberlândia, que tem gerenciado suas políticas de isolamento apartadas do Minas Consciente. A cidade do Triângulo Mineiro já reabriu o comércio com restrições de horário e modelo de funcionamento. Aqui, não.
Mas não dá para dizer se há certo ou errado. Juiz de Fora, por ser polo regional, tem sérios problemas no acolhimento das demandas do seu entorno, sobretudo por boa parte dele não seguir a mesma cartilha de isolamento, mas para cá enviando seus pacientes. O argumento do Executivo passa por esse descompasso. Não adianta controlar aqui se os demais não seguem as regras. Essa situação tende a se acentuar ante a decisão em curso de vários prefeitos, especialmente da microrregião de Ubá, de se desligar do controle do programa do Estado. As consequências são imprevisíveis.
Um dos problemas do Minas Consciente é estabelecer regras uniformes para um estado com características tão distintas. Ao destacar Minas serem muitas, Guimarães Rosa aludia exatamente às diferenças de um estado hoje com 853 municípios. Há regiões com registros mínimos de contaminação e outras com grande incidência. O razoável é tratar os desiguais com desigualdade, caso contrário, haverá incoerências irrefutáveis no combate à pandemia. O governador se disse disposto a fazer tal avaliação, mas, para tanto, é preciso provocação das entidades representativas, inclusive políticas, que não podem ficar apenas no discurso.