Ideologia em alta

Eleição municipal pode fugir das características domésticas e ter discussões voltadas para o viés ideológico, dependendo do discurso dos vereadores e dos candidatos


Por Tribuna

07/04/2020 às 07h05

As convenções partidárias estão sem data definida, em decorrência da pandemia do coronavírus – que lança incerteza até mesmo sobre a data de realização das eleições -, mas o jogo começa a ser jogado. Primeiro, em se tratando de Câmara Municipal, com a nova conformação partidária da Casa. O cenário é totalmente novo, a despeito de pouco ser mudado na postura de cada um. As migrações foram mais em decorrência de articulações políticas, de olho nas urnas, do que por razões ideológicas. Em se tratando de disputa pela Prefeitura, a leitura é contrária.

No caso das eleições proporcionais, o novo cenário partidário pode, no entanto, alterar a postura de alguns vereadores, ainda mais quando o Executivo perdeu seus dois maiores aliados na Câmara. PSDB e MDB não têm mais interlocutores, e seus antigos filiados não têm, necessariamente, a partir de agora, que seguir as indicações das lideranças tucanas e emedebistas que continuam na Prefeitura.

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Some-se a esse fator o processo pré-eleitoral. Os vereadores tenderão a atuar de olho nas reações do eleitor e também no interesse de seus partidos, boa parte deles com candidatura própria à Prefeitura. Portanto entram em campo as conveniências partidárias que podem colocar em xeque propostas do Executivo.

Na disputa majoritária, certamente, os interessados vão se apresentar como contraponto à atual gestão, o que também é do jogo, mas sua postura leva consigo os vereadores, implicando um período de jogo de cintura do prefeito Antônio Almas para aprovar alguns projetos.

Como já era esperado, a cidade – restando ainda as convenções – terá um expressivo número de postulantes à Prefeitura, desta vez com viés ideológico mais aguçado. Há tempos não se viam tantos candidatos ideologicamente à direita como agora, induzindo os próprios atores a se articularem para ganhar esse nicho expressivo e que levou à Presidência o deputado e capitão Jair Bolsonaro. Só nos últimos dias, pelo menos três nomes se apresentaram com esse discurso: o médico Renato Loures, o delegado Cláudio Nogueira e o general Marco Felício. Na mesma faixa está a deputada Sheila Oliveira.

Dependendo das candidaturas de centro e de esquerda, o pleito pode sair da faixa meramente doméstica, na qual são tratadas demandas diretas da população, para uma discussão mais política em que a ideologia terá forte peso no que será apresentado às ruas para escolha do mandatário.

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