Barbas de molho

A partir da prisão do ex-presidente Lula, ninguém estará imune a ser levado às barras da Justiça e de lá para o cárcere


Por Tribuna

07/04/2018 às 06h30- Atualizada 11/04/2018 às 21h42

A resistência do ex-presidente Lula, que até o fechamento desta edição ainda se encontrava na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo – ele tinha que se apresentar à Polícia Federal até as 17h -, é uma estratégia que dá certo no curto prazo, mas pode ter danos imprevisíveis para o próprio debate político.

A despeito de todas as razões, inclusive de uma eventual precipitação do juiz Sérgio Moro, que poderia muito bem esperar os embargos dos embargos, previstos em lei, resistir a uma ordem legal dá margem para outros setores tomarem a mesma postura, embora não tenham o carisma do ex-chefe do Governo. Essa situação é preocupante em todos os sentidos, pois também incentiva o confronto com os segmentos que ficarão inconformados com a postura de Lula, ao contrário de outros tantos que foram levados ao cárcere sem qualquer tipo de resistência.

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Mas o pano de fundo a ser discutido envolve os desdobramentos da prisão. Se Lula começar a cumprir a sua pena de 12 anos de prisão, como estabeleceu a sentença do juiz Sérgio Moro, os demais envolvidos na operação Lava Jato, e outros tantos ainda sob investigação, devem colocar as barbas de molho, pois também estarão passíveis de condenação com execução imediata da pena tão logo haja o cumprimento do duplo grau de jurisdição. E, nesse caso, a fila é longa, envolvendo lideranças de todas as matizes ideológicas, como de esquerda, direita ou de centro.

A Lava Jato é um instrumento que passa o país a limpo. Teve seus equívocos, alguns de grande relevância, mas igualou o jogo que até então era jogado apenas no andar de baixo. Os escândalos envolvendo o uso indevido do dinheiro público, que até bem pouco tempo ficavam apenas no noticiário e retidos nos muitos recursos, passaram a ter um novo desfecho. Mas ainda há o que ser feito, a começar pela definição de sentenças de mérito de diversos desses personagens, inclusive os que estão presos, que ainda estão no viés provisório.

O tema, é certo, vai para o palanque, mas é fundamental, desde já, manter o incentivo às operações, com as devidas correções de rumo, para tirar o país do índex das nações com maior grau de corrupção.

 

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