O desafio do custeio

Concluir a obra física do hospital é uma necessidade, mas o desafio é garantir seu funcionamento num cenário de poucos recursos


Por Tribuna

07/02/2021 às 07h00

A boa notícia dada pelo secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, ao anunciar a retomada das obras do Hospital Regional, tão logo a Vale do Rio Doce inicie os pagamentos da milionária indenização de R$ 37 bilhões firmada com o Governo de Minas, deve ser seguida de discussões sobre o projeto, ora parado em decorrência da falta de recursos e inadimplência das empresas responsáveis por sua conclusão.

A primeira delas – e o secretário já tem isso bem articulado – é a concepção do hospital, pois não basta concluir o projeto físico sem avaliar como ele vai funcionar. Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, ele destacou que terão que ser leitos qualificados, com maior resolubilidade, enfatizando que tal pauta já está à mesa. Com metas de atender não só Juiz de Fora, mas também o seu entorno, o HR será estratégico para a Zona da Mata, sobretudo para os municípios de menor porte, hoje desprovidos de um hospital de tal proporção.

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Mas o principal desafio, e Carlos Eduardo também está consciente disso, é o custeio. Concluir uma obra física já é uma façanha, mas manter tal estrutura funcionando é o ponto crítico por demandar investimentos intensivos. O secretário lembrou que o custeio anual de um hospital deste porte é maior do que o que foi gasto na sua construção. E tem razão, por isso é fundamental avaliar as fontes de financiamento que vão garantir o funcionamento com a eficácia que dele se espera.

Há estudos, mas, na atual situação em que Minas se encontra financeiramente, o custeio torna-se um gargalo. Como outros regionais também deverão ser concluídos, a Secretaria de Saúde não tem, sequer, orçamento para garantir os serviços. O secretário não disse, mas deixou pistas em torno da necessidade de parcerias com o setor privado.

O próprio governador Romeu Zema, em várias ocasiões, tem dito que a iniciativa privada deve ter um espaço estratégico na gestão de vários próprios do Estado. Ele tem como meta a privatização da Cemig e da Copasa, mas não é fechado a outras parcerias. A gestão dos hospitais públicos pode ser um ponto a ser discutido com esse viés.

A questão é saber qual o interesse do setor empresarial quando se trata de parcerias com o setor público. O Governo, em todas as instâncias, tem encontrado dificuldade em firmá-la por conta da visão administrativa. Quando abriu espaços para ouvir sugestões em torno da gestão dos hospitais regionais, não houve respostas. Espera-se que, com a conclusão física do projeto, as oportunidades apareçam, desde que a vantagem seja mútua, tendo como foco a qualidade do atendimento.

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