Vez das celebridades
Mudanças nas regras levarão partidos a buscarem bons de voto para garantir o quociente eleitoral e a consequente eleição de candidatos a vereador
A janela eleitoral, de 4 de março a 4 de abril, quando os políticos poderão mudar de partido sem riscos de perder o mandato, será emblemática para o processo sucessório, pois, só a partir daí, será possível definir os players do pleito de outubro. Até lá, os pré-candidatos ainda estarão avaliando cenários e as conveniências próprias do processo.
Sem coligação proporcional e com a cláusula de desempenho funcionando, os partidos terão que mudar suas estratégias. Em grandes e médios centros, as celebridades serão o alvo para garantir votos. Como não será possível o efeito Tiririca, pelo qual tais personagens elegiam os mais votados das coligações, o foco agora é interno, isto é, cada partido vai ter que se virar sozinho. Por isso, não haverá surpresa se também aumentar o número de candidatos a prefeito. A despeito de não haver ligação do voto proporcional (para vereador) com o majoritário (para o Executivo), há o entendimento de ser vital a candidatura própria para atrair a atenção para a legenda.
No último domingo, a Tribuna, por meio de levantamento do repórter Renato Salles, apresentou pelo menos dez nomes que deverão entrar no páreo, embora tal lista possa crescer ou até mesmo passar por mudanças. Muitos dos citados são veteranos nas urnas, tendo passado pelo último pleito, mas há também os cristãos novos, que tentarão se eleger pela primeira vez.
Com o atraso nos prazos de filiação e até mesmo de inscrição nos partidos, o jogo ainda não está totalmente jogado, mas muitos desses atores já estão em plena movimentação para garantir espaços. Faz parte do processo, mas há muito caminho a ser trilhado, por conta, inclusive, de possíveis acordos majoritários. Na Câmara, por exemplo, vários vereadores estão à disposição como candidatos a vice, o que pode implicar, também, profunda mudança no Legislativo.
Como o eleitor mudou de postura nos últimos anos, e com as redes sociais construindo e desconstruindo biografias, é certo que será uma eleição diferente de outros anos, reforçada pelo próprio ânimo do eleitor de cobrar uma nova postura dos partidos. As manifestações pelo mundo afora são um teste importante para as legendas, pois elas, como as demais instituições, estão sendo colocadas em xeque pela exigência da mudança.