Arranjo político

Partidos já começam a se movimentar, embora ainda estejam distantes da definição oficial de suas candidaturas


Por Tribuna

06/06/2018 às 07h00- Atualizada 06/06/2018 às 07h20

As convenções partidárias, ante uma campanha mais curta, só devem ocorrer em meados de agosto, mas os partidos – passado o impasse da greve dos caminheiros que parou o país – já começam a acelerar suas ações, sobretudo por encontrarem no eleitor uma recepção fria se comparada com períodos anteriores. Com tantos candidatos, e nenhum ao mesmo tempo, lembrando o cenário de 1989, que resultou na vitória de Fernando Collor de Mello com o discurso de combate aos marajás, algumas legendas já dão forma ao discurso de combate ao que chamam de forças radicais. Um grupo de parlamentares, capitaneados pelo deputado Marcus Pestana (PSDB) e pelo senador Cristovam Buarque (PPS), apresentou um manifesto intitulado “por um polo democrático”, em que conclama as formas “democráticas e reformistas” a um enfrentamento à polarização que se avizinha entre esquerda e direita.
O argumento básico é de combate ao radicalismo. A meta, como dizem seus mentores, é dialogar com setores mais ao centro, no que têm o aval do ex-presidente Fernando Henrique. Não será uma missão fácil, sobretudo por conta do maniqueísmo que tomou conta das redes sociais e transportado para o embate político. Ante um Governo federal fraco, que não dá perspectiva para o país, qualquer discurso ganha força se bem montado e de fácil recepção das ruas. O presidente da República conseguiu o dado inédito de juntar esquerda e direita no mesmo discurso de “fora Temer”, apontando que pode surgir, aí, um problema por convergirem nesse aspecto, mas esticarem a corda em outras questões.
Como o futebol será o centro das atenções pelos próximos 30 dias, o arranjo político poderá ganhar novos contornos, mas nada irá adiante se não for mantido um diálogo transparente com as ruas. O apoio à greve dos caminhoneiros, a despeito dos custos imensuráveis ao país, foi uma prova de que falta um norte a ser seguido. E, quando não há referência, a postura populista, seja à esquerda, à direita, ou até mesmo ao centro, tende a ganhar força.

 

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