Na contramão

Alguns setores foram favorecidos pelo comportamento do consumidor e têm bom desempenho em 2020


Por Tribuna

06/01/2021 às 06h58

Enquanto o setor de comércio e serviços está em apuros em quase todo o país não só por conta do fechamento dos pontos físicos de venda e atendimento para conter o avanço da pandemia, mas também pela queda na renda da população, alguns poucos segmentos econômicos têm conseguido sobreviver à pandemia e com resultados até surpreendentes. Um movimento que acaba salvando um pouco o difícil balanço da economia de 2020.

No último dia de dezembro, a Tribuna publicou matéria mostrando que o setor supermercadista estima a maior alta nas vendas em sete anos, ou seja, pretendia encerrar 2020 com um melhor desempenho desde o verificado em 2013. A expectativa da Associação Brasileira de Supermercados é terminar o período com incremento de 5% nas vendas. Um movimento que reflete diretamente uma mudança de comportamento do consumidor, que tem permanecido mais tempo dentro de casa.

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Na lista dos setores considerados essenciais, os supermercados podem funcionar normalmente nos períodos mais duros da onda vermelha, diferentemente de restaurantes, bares e lanchonetes, que têm que ficar parcialmente fechados. Se as pessoas tendem a ficar mais isoladas em suas casas, e sem viajar para manter o distanciamento social, a alimentação acaba sendo produzida dentro dos próprios lares. Isso explica o bom desempenho do segmento.

Outro impacto que parece natural é o de maior dinamismo do e-commerce brasileiro. A transformação ocorreu não só por conta do aumento das vendas a distância, mas também pela diversificação dos produtos vendidos e até pelo jeito de operar, podendo o comprador utilizar canais disponibilizados em sites, WhastApp e Instagram. E não só os gigantes do varejo on-line se reorganizaram, mas os pequenos comerciantes e produtores locais também aderiram às novas práticas.

Em Juiz de Fora, muitos lojistas de shopping e rua passaram a utilizar o e-commerce, transformando seus pontos de vendas em pontos de distribuição, para envio ou retirada dos produtos. Um relatório da Ebit/Nielsen apontou que, só no primeiro semestre de 2020, 7,3 milhões de consumidores ingressaram no e-commerce, ou seja, quase a mesma quantidade de novos brasileiros que passaram a fazer compras on-line no ano inteiro de 2019.

O ano também terminou melhor do que o esperado para o mercado imobiliário. De janeiro a novembro, as operações de financiamento contratadas com recursos da caderneta de poupança mostram um aumento de 52% em relação ao mesmo período do ano anterior e é o melhor resultado desde 2014. Quem não foi diretamente impactado pela pandemia com perda de emprego ou redução da renda passou a valorizar o estar em casa. Por isso o segmento de móveis também surpreendeu positivamente no final do ano.

Em 2021, para muitos outros setores, as projeções continuam preocupantes, como de roupas, calçados e acessórios. O fim do pagamento do auxílio emergencial deve impactar milhões de trabalhadores já em janeiro, reduzindo o poder de compra, que já é mínimo. É muito difícil comemorar o bom desempenho de alguns segmentos, quando o todo parece naufragar, mas é bom saber que parte dos empregos foi preservada, assegurando renda para muitas famílias.

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