Os riscos do ciclo da seca
O número de incêndios em vegetação cresce nesta época do ano, com consequências de toda ordem, fruto, em boa parte, de ações humanas
Sem chuvas desde o final de maio, Juiz de Fora e a região vivem o período crítico das secas, que traz consigo problemas de toda ordem. Na saúde, a baixa umidade é causadora de uma série de doenças, mas o que mais chama a atenção, agora, são as queimadas. Entra e sai ano, e o discurso é o mesmo por conta da recorrência dos fatos. Boa parte dos incêndios tem a participação humana, com consequências graves para a produção e também para o entorno, sobretudo quando não há aceiros para conter o caminhar das chamas. Em 2021, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros, durante o período de estiagem, entre maio e setembro, foram computadas 531 ocorrências em áreas de vegetação. Durante todo o ano, foram 654 casos. Neste ano, somente em maio, já foram 50 casos.
Os focos de incêndio também são causadores de problemas que podem não se apresentar no momento, mas com grandes consequências no período das chuvas. Ao ocorrerem nas encostas, tiram a guarnição que evita deslizamentos, e é preciso ficar atento, pois tanto a seca quanto o ciclo das águas têm sido mais agudos nas últimas décadas em razão dos desequilíbrios climáticos. Enquanto no Sul e no Sudeste a seca aumenta, no Norte e no Nordeste as águas causam estragos. Maceió, capital de Alagoas, voltou a amanhecer debaixo d’água, quando se esperava uma trégua dos temporais que afetaram a região.
Junho passou sem qualquer chuva, e, mesmo que a situação mude em julho, com a chegada de frentes frias, o volume de água ficará bem aquém da demanda, o que remete a discussão para outro ponto: consumo. Juiz de Fora tem uma situação confortável, pois seus reservatórios chegaram ao limite no ciclo das águas, e o que ora produzem ainda é acima da demanda, mas nada induz o consumo descontrolado que afeta algumas regiões. O hábito de varrer passeios e terreiros com água deve ser totalmente descartado. A educação ambiental tem sido clara na mudança de comportamento da população.
Cidades como São Paulo, por exemplo, já acenderam a luz amarela para seus reservatórios, pois, mesmo durante o período de chuvas, elas não ocorreram em regiões onde ficam os principais mananciais. Ademais, eles carecem de acompanhamento permanente para se manterem estáveis e em condições de abastecimento.
Na última sexta-feira, depois de uma palestra na Cesama, o engenheiro Marcelo da Fonseca, diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, tinha em seu programa uma visita à Represa de Chapéu D’Uvas para avaliar as condições do lado. A atenção é um dado permanente para garantir sua conservação. A Cesama, destaque-se, tem sido atenta a esse papel.