Metas ambientais
Dia Mundial do Meio Ambiente deve servir de espaço para se colocar em pauta o debate que precisa, necessariamente, ser uma agenda permanente da sociedade
Em meio à pandemia do coronavírus, cujos números continuam crescendo no Brasil, é necessário não se afastar de outras causas, a despeito da emergência de se enfrentar a contaminação. Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e o Brasil, responsável por um dos maiores acervos do mundo situado na Amazônia, tem sido chamado à responsabilidade pela leniência com que trata o tema. Recentemente, na agora famosa reunião de 22 de abril, o ministro Ricardo Salles considerou necessário “passar a boiada”, enquanto o mundo estava voltado para a Covid-19. Recuou em algumas ações, mas o gesto em si mostra o descaso como trata de matéria de tamanha relevância.
A questão ambiental, no entanto, não é forjada apenas na instância federal. Estados e municípios também devem ser chamados às falas, pois nem todos têm feito o dever de casa. Há uma redução drástica de investimentos que não é recente, capaz de se justificar na pandemia. Há tempos, os projetos ambientais têm ficado em segundo plano, apontando também que o poder público, por si só, não dá conta de resolver os problemas do setor. A necessidade de parcerias se faz cada vez mais presente, desde que haja equilíbrio nas relações. Chamar o setor privado implica contrapartidas estatais, o que nem sempre acontece.
A população também deve ser convidada a participar desse esforço, fazendo sua parte. O descarte inadequado do lixo, por exemplo, tem sido uma das matrizes para danos colaterais que se apresentam, especialmente, no ciclo das chuvas. Bueiros entupidos e rios assoreados têm forte contribuição popular. Mudar esse comportamento exige educação ambiental, que deve começar nos bancos escolares e multiplicar-se para os lares.
O problema é que esses temas só entram na agenda coletiva quando os danos se apresentam. Em Juiz de Fora, o Paraibuna, principal rio da região, apresenta-se em situação crítica. Seus afluentes, boa parte deles desconhecida da população por estarem sob ruas e avenidas, passam por situação semelhante. No ciclo das águas, as inundações são fruto desse descaso. Este ano, na fase mais intensa das chuvas, o Paraibuna saiu do leito e inundou boa parte da Zona Norte.
A data deve servir para discussões que, no entanto, precisam ser permanentes, garantindo uma pauta que carece de prioridade. Há segmentos que ainda entendem ser o meio ambiente uma questão menor. Estão equivocados. A conscientização é o primeiro passo para essa virada. A natureza agradece, embora o benefício, de fato, seja da própria população.