Números da violência
A cidade assiste, pelo segundo ano consecutivo, à queda no número de homicídios, mas o investimento na segurança deve ser uma ação permanente
O número de mortes violentas em Juiz de Fora caiu pelo segundo ano consecutivo, de acordo com levantamento elaborado pela jornalista Sandra Zanella, que tem servido de referência para análise da violência na cidade. São levados em conta, também, o latrocínio – roubos seguido de morte – e os casos nos quais o óbito é consumado após períodos de internação por algum tipo de agressão. Todos os dados estão nesta edição da Tribuna.
São muitas as leituras a serem feitas. A primeira aponta para o eficiente trabalho das equipes da Delegacia Especializada em Homicídios, comandada pelo delegado Rodrigo Rolli. Com ações de inteligência, os resultados se mostram não só na elucidação dos casos, mas também nos prazos. Some-se à ação direta da Polícia Militar, sobretudo no combate ao tráfico de drogas, uma das matrizes dos crimes consumados e tentados contra a vida. Surpreendentemente, o tráfico matou menos em 2019. A curva pendeu para os crimes passionais.
A redução é uma vitória do trabalho, mas, como destacam os próprios agentes, não dá ainda para comemorar diante do cenário que continua marcando a rotina das metrópoles. Situações aleatórias também afetam vidas, como o caso da professora Fabiana Filipino, atingida por uma bala cujo alvo era um adolescente envolvido num assalto e num confronto com um policial reformado em pleno Centro da cidade. O dano não se esgota no fim de uma vida. Ele tem graves consequências colaterais, com vidas dilaceradas pela dor e pela ausência permanente. Nesta mesma edição, o depoimento do advogado Daniel Marchi, marido da professora, é emblemático.
Juiz de Fora já tem implantado o projeto de combate a homicídio Fica Vivo, envolvendo não só ações repressivas, mas também um amplo processo social. Paradoxalmente, o Bairro Olavo Costa, onde ele está implantado, ainda lidera as estatísticas. É necessário destacar, porém, ser um projeto de médio e longo prazo, o que implica insistir na sua adoção e na multiplicação por outras áreas críticas da cidade. Pelo menos 40 bairros concentram o maior número de ocorrências.
A segurança, assim como a saúde e a educação, é uma rubrica de investimentos intensivos. Com a mudança na legislação, o município também ganhou um papel mais assertivo, sendo envolvido em políticas sociais, mas também de repressão direta, com o incremento de guardas municipais.
A prevenção, porém, ainda é o caminho a seguir, implicando o trabalho já desenvolvido pelas polícias, mas também a educação, que passa por ações diretas com as famílias, especialmente aquelas com maior vulnerabilidade social.