Novos caminhos

Para renovar ou recuperar a relevância, diversos partidos terão que mudar suas estratégias num Congresso em que a oposição ao Governo será feita por uma causa, e não por partidos


Por Tribuna

04/12/2022 às 07h00

A formação de federações ou fusões de partidos – já discutida neste espaço – deve ser a principal alternativa não apenas das legendas que não romperam a cláusula de barreira, mas também das que despencaram no ranking nacional. PSDB e MDB são casos típicos de partidos que estiveram à frente do poder e hoje brigam por espaços ou tentam se reinventar. O MDB há muito tempo perdeu o protagonismo, mas se viu no comando do país com o mandato de Michel Temer.

Em entrevista ao jornal “Estado de Minas”, de Belo Horizonte, o deputado Aécio Neves defende a tese de o PSDB ser oposição ao Governo Lula, a fim de recuperar pelo menos parte do protagonismo. Antes, porém, há pendências internas que precisam ser resolvidas. Com a ascensão do governador eleito Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, qual será o papel dos mineiros no novo comando nacional? Os tucanos de Minas defenderam a candidatura de Leite na prévia em que teve como adversário o então governador de São Paulo, João Doria, mas isso não significa, necessariamente, que haverá algum tipo de compensação.

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O PSDB precisa recuperar as teses que o fizeram ocupar a Presidência da República por dois mandatos consecutivos de Fernando Henrique, e até quando bateu na trave com o próprio Aécio. Para tanto, precisa sair do papel de coadjuvante, que desempenhou nos últimos anos, e retomar as teses da social democracia. No máximo, transitar pela centro-direita.

Com um número menor de partidos, a arena do Congresso será o melhor espaço para os partidos avaliarem o seu desempenho. Os tucanos não terão um senador sequer e somente uma bancada de 13 deputados, daí a importância que devem dar às eleições municipais de 2024, pois há necessidade de mudanças a partir da própria base.

Outras siglas também terão que reavaliar suas estratégias em razão dos números apresentados nas urnas de outubro e levar em conta o que pretendem para os próximos quatro anos. A polarização mudou a configuração do Congresso, mas os próximos anos serão emblemáticos para esses atores que surfaram na onda do a favor ou contra. O eleitor, certamente, vai cobrar resultados e pode até fugir desse maniqueísmo, mas os políticos fora da polarização terão que mostrar serviço, o que até aqui não ocorreu, preferindo alianças afastadas do viés ideológico e olhando apenas para os números.

Aécio, certamente, tenta fazer do seu partido o papel de antagonista do PT, mas os tempos são outros, e esse papel já tem dono. Os petistas terão pela frente não o velho adversário, mas uma causa, a ser defendida pelos bolsonaristas filiados em diversas legendas. O presidente eleito já se antecipa e tenta alianças, uma vez que, ao contrário de seus dois primeiros mandatos, terá uma oposição muito mais aguerrida pelos próximos quatro anos.

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