Ação deliberada
Informações falsas pelas redes sociais não são gestos ingênuos; sua motivação é desconstruir biografias ou forjar cenários inverídicos
Quando assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luiz Eduardo Barroso advertiu que o uso de notícias falsas teria sérias implicações legais, por tratar-se de uma ação própria para induzir o eleitor a erro. As fake news, especialmente no territorial virtual, tornaram-se uma perversa ferramenta de desconstrução de biografias de forma deliberada, não sendo, portanto, um gesto ingênuo de quem apenas cometeu um erro. Ao contrário, elas têm objetivo e são forjadas de forma profissional para enganar o alvo.
O TSE, para evitar o que aconteceu em 2018, tomou uma série de providências, como a criação de grupos de inteligência, mas, mesmo assim, o uso indevido das redes sociais é percebido a olhos vistos pelo país afora. Em Juiz de Fora, a Tribuna foi incluída em duas informações que não procediam. Primeiro, numa pesquisa, feita em parceria com o Akros Pesquisa, deturpada no mundo digital, a despeito de sua real publicação – e correta – no impresso e nas plataformas digitais do Grupo Solar; e, agora, nos últimos dias, quando uma foto de convenção teve um de seus personagens trocados.
A foto real da convenção do Republicanos mostrava a presença do ex-vereador Barbosa Júnior ao lado da candidata Ione Barbosa, com quem é casado. Na versão falsa, ele foi trocado pelo prefeito Antônio Almas. Ato grosseiro e deliberado que ganha corpo quando compartilhado nas redes sociais. O PSDB, partido do prefeito, apoia a candidata, mas Almas está longe dos palanques, cuidando apenas dos últimos dias de sua gestão.
O grave desse enredo não se esgota na publicação. Quem compartilha informação falsa comete o mesmo crime. O autor age de forma a ganhar adesão, fazendo dos alvos a sua ferramenta de multiplicação e ampliação do dano. Recentemente, ao participar de entrevista na Rádio CBN Juiz de Fora, o cientista político Felipe Nunes observou que o autor das fake news não faz publicações aleatórias. Ele as encaminha para as suas próprias bolhas, que, como massa de manobra, ficam incumbidas de sua disseminação.
Nesta reta final de campanha, o eleitor deve ficar atento, pois estará sujeito a todo tipo de “informação”. Verificar a sua veracidade é um gesto simples e necessário. Na dúvida, não compartilhe, pois as consequências podem ser drásticas em todos os sentidos.