Em defesa da vida

Campanha deflagrada por diversos organismos em Minas se faz necessária para garantir a conscientização da população, mas os governos devem, por seu lado, cumprir o seu papel em melhorar a qualidade das vias nacionais


Por Tribuna

04/05/2022 às 07h00

Em operação conjunta, as polícias Civil e Militar, atuando com o Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, guardas municipais, Secretária de Estado de Justiça e a Secretaria de Segurança Pública, iniciaram, nessa terça-feira, o Maio Amarelo, cuja meta é alertar a população sobre os impactos dos acidentes de trânsito. Em todo o Estado, a presença dos agentes em bares, restaurantes, escolas, praças, ruas e rodovias tem como foco a conscientização. O serviço de orientações junto a motociclistas, com distribuição de antenas para evitar acidentes com cerol, fortalecerá as operações repressivas. Outras ações são blitz integrada da Lei Seca toda semana e a promoção de caminhadas com a mobilização de doação de sangue para o Hemominas, com foco no atendimento às vítimas de trânsito.

A campanha de maio é apenas uma referência para o cuidado que deve se desdobrar por todos os meses, já que os acidentes de trânsito continuam no topo das ocorrências em todo o país. Além das mortes, o número de pessoas com invalidez permanente ou provisória cresce em proporções geométricas, com reflexos na Previdência e na rede hospitalar. Esses custos impactam todo o sistema, a despeito do seguro anual pago pelos titulares de veículos automotivos.

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A campanha é apenas parte de um processo que deveria envolver também as instâncias de infraestrutura. Boa parte dos acidentes tem como causa a imprudência, mas as condições das vias urbanas e rodovias também têm forte influência nos números. Nas cidades, os principais obstáculos são os buracos, enquanto nas estradas federais e estaduais, além deles também há o agravante da sinalização comprometida e a má qualidade das pistas de rolamento.

A Tribuna, há longo tempo, vem apontando a situação das rodovias que cortam a cidade e se capilarizam pelo seu entorno. Há motivos de preocupação, a começar pela BR-267, até Leopoldina. Trata-se de um trecho de cerca de cem quilômetros marcado por riscos.

Mesmo em rodovias privatizadas, há problemas. A BR-040, na direção de Belo Horizonte, é uma roleta-russa a partir da cidade de Conselheiro Lafaiete em decorrência do trânsito de caminhões das mineradoras. Tal cenário já foi estampado em vários momentos e mereceu até a criação de uma comissão especial na Assembleia para avaliar o problema. As ações foram em vão, pois o máximo que se fez foi melhorar a qualidade da pista e da sinalização, inclusive com a implantação de radares, mas a divisão da pista – a maior preocupação – ainda não foi concluída. Com frequência, os acidentes são registrados pela invasão de pista.

O trânsito no Brasil continua sendo um dado relevante que some da agenda tão logo as campanhas eleitorais terminam. Por ter a maior malha viária do país, Minas registra o maior número de casos, mas a situação não avança. No novo certame de privatização da BR-040, o trecho antes Rio/Juiz de Fora vai até Belo Horizonte. Pode ser uma oportunidade única para a nova concessionária concluir o que, até agora, a despeito dos pedágios, não foi realizado.

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