Fora de controle
A cidade do Rio de Janeiro é um território fora de controle. Os episódios deste início de semana, em que carros e ônibus foram queimados e caminhões saqueados – tudo para criar um clima e facilitar a fuga de traficantes -, são emblemáticos. Tanto o governador quanto o prefeito já não representam o poder constituído, o que leva o próprio sistema a falhar na sua cadeia de comando. O secretário de Segurança diz que o buraco é mais embaixo, mas, justamente por não saber onde ele fica, o crime organizado (às vezes nem tanto) assume o papel de protagonista.
Os efeitos colaterais dessa pane geral é que devem ser observados, pois o Rio é referência para o resto do país, e, nesse aspecto, Juiz de Fora é perto demais. Quando a segurança pública é tratada como questão de segunda linha, os resultados são danosos para toda a sociedade. Por isso, na reunião de hoje com a cúpula da segurança pública, as autoridades políticas, comunitárias e empresariais devem dizer ao secretário e aos comandantes que Juiz de Fora e a região esperam mais do Estado, pois, quando há o descaso que hoje emoldura o Rio, a tendência é de agravamento da situação.
Não estamos nem perto do que ocorre no estado vizinho, mas esse é o tipo de questão em que não cabe relaxamento, por considerar que aqui em Minas a situação é outra. De fato, é, mas os investimentos não podem sair da agenda do Governo, sobretudo nas regiões fronteiriças da Zona da Mata. A desidratação do efetivo, o sucateamento da Polícia Civil e a falta de ações sociais são matrizes de grandes problemas.
No Rio, a segurança pública foi tratada como demanda política, com governadores e prefeitos jogando para a arquibancada. Hoje, porém, quem paga o preço é a população, acuada dentro e fora de casa enquanto os criminosos controlam as ruas. Tal cenário é motivo de ampla reflexão para todos nós.