Ideias divergentes
Lideranças empresariais também têm pontos de vista distintos que explicitam, de fato, a divisão que envolve outros setores
Um dia após a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) ter emitido nota questionando o que classifica de ingerências do STF, lideranças empresariais de Minas assinaram um documento intitulado Segundo Manifesto dos Mineiros ao Povo Brasileiro, condenando a falta de harmonia dos três poderes em Brasília e os ataques à democracia, rejeitando a ruptura pelas armas. O texto, endossado por 212 signatários, expõe a divergência que chega ao empresariado num momento em que as instituições estão sendo colocadas em xeque.
O governador Romeu Zema, nas muitas entrevistas que tem concedido nos últimos meses, tem se mostrado neutro na questão. Para ele, os enfrentamentos – apontando para ambos os lados – são um desserviço ao país, sobretudo pelas muitas demandas que estão pendentes em decorrência do jogo político de 2022 antecipado para esse segundo semestre. Ele próprio, candidato à reeleição, considera que antecipar o debate do pleito não favorece o interesse imediato da população.
O governador tem razão se forem levadas em conta prioridades que precisam ser colocadas ou mantidas à mesa, como o enfrentamento à pandemia do coronavírus ou o cenário econômico que se deteriorou nos últimos meses. As projeções apontam para uma inflação de 7%, mas no dia a dia é possível verificar que esses números já foram superados. Os combustíveis estão com preço nas nuvens, e não há uma explicação plausível para tal elevação, principalmente quando ela ocorre de forma desordenada entre estados e municípios. Nesse caso, Juiz de Fora está no topo da pirâmide, com o litro da gasolina na casa dos R$ 6,30.
Quando questões como essa perdem espaço em favor do enfrentamento político, há a necessidade de reflexão. O dia 7 de setembro, na próxima terça-feira, por exemplo, tornou-se emblemático para vários segmentos, pois não se sabem as consequências das manifestações previstas tanto à direita quanto à esquerda. O livre direito de manifestar deve ser consagrado, mas nada autoriza possíveis atos de vandalismo. E esse é o grande desafio.
O que ora ocorre deve ser uma prévia de 2022, quando assembleias, Congresso, governos estaduais e Presidência da República serão submetidos às urnas. O jogo democrático vê no contraditório um avanço, pois é da discussão que surgem soluções. A preocupação se dá quando a divergência rompe fronteiras e coloca em risco o próprio processo que dá ao povo o direito de eleger livre e democraticamente seus representantes.