Mulheres na política
Já houve avanços, mas, como maioria da população e dos colégios eleitorais, ainda há uma desproporção nos postos ocupados tanto nos executivos quanto nos legislativos
Conciliar o trabalho com casamento, filhos, estudos e outras demandas é um desafio que as mulheres enfrentam no seu cotidiano, mas nada disso impede sua ascensão no mercado, como a Tribuna mostrou na edição de domingo ao revelar o percentual de empreendedoras à frente de negócios em Juiz de Fora. É uma boa notícia que deve vir acompanhada de outras ações para implementar ainda mais o papel feminino na vida das cidades. A pandemia exigiu criatividade, e elas se mostraram fundamentais para a virada que o país, agora, começa a viver após o flagelo que matou (e ainda mata) milhares de brasileiros.
Há, no entanto, outras agendas que também carecem da presença feminina, como na política. A Tribuna, em mais de uma vez, destacou que a proporção de mulheres na população e nos colégios eleitorais é um problema que carece de discussões permanentes. Depois de várias legislaturas, a Câmara Municipal elegeu quatro mulheres para o mesmo mandato. O dado mais relevante foi a eleição da professora Margarida Salomão para o comando do município, quebrando uma tradição desde o primeiro pleito municipal. Também no seu mandato há uma paridade entre homens e mulheres no primeiro escalão de seu governo.
As eleições são um momento emblemático para implementação dessa discussão. A resistência começa dentro dos próprios partidos. Pela primeira vez, se forem confirmadas as previsões, haverá uma chapa de candidata à Presidência e vice formada por mulheres. Nesta terça-feira, a senadora Simone Tebet (MDB) anunciou a senadora Mara Gabrilli (PSDB) como sua parceira numa jornada que, pelos números, será mais uma peça no jogo eleitoral ante a polarização já instalada e que bloqueia a ascensão da chamada terceira via. No entanto já é um dado no xadrez político.
Se para os postos majoritários o quadro está consolidado, para a formação dos legislativos estadual e federal. Tanto na Câmara Federal quanto nas assembleias legislativas, a proporção é aquém dos dados populacionais. A tentativa de igualar o jogo é mais um artifício do que um dado real: as cotas partidárias, pelas quais os partidos precisam preencher 30% das vagas que vão disputar, são mais um instrumento formal do que uma realidade. Em Minas, a Justiça Eleitoral abriu inquérito para apurar candidaturas laranjas, que serviam apenas para cumprir tabela, ou a legislação, mas sem a mínima chance de vitória. O projeto transferindo essa cota para o número de cadeiras nos legislativos não avançou. E, pelo andar das conversações, ainda ficará um bom tempo nas gavetas da Mesa Diretora do Congresso.