Tomada de decisões

Avaliar o programa Minas Consciente é um dado importante, sobretudo quando as muitas regiões de Minas têm reação distinta diante da Covid-19


Por Tribuna

03/06/2020 às 06h19

O governador Romeu Zema tem razão ao admitir que os prefeitos são as pessoas com maior capacidade de avaliação dos reflexos da pandemia por viverem de perto os dramas da população, daí a possibilidade de fazer alterações no programa Minas Consciente, que estabelece ações únicas e integradas para todo o estado, como forma de unificar procedimentos. Em entrevista ao Grupo Solar de Comunicação – por meio das redes sociais -, ele disse que, na sexta-feira, devem ser discutidas as sugestões dos prefeitos, que consideram que cada região tem suas peculiaridades, com situações distintas de contaminação. Entre as dez maiores cidades de Minas, somente Juiz de Fora aderiu ao programa.

O município entendeu ser necessário o engajamento mais por conta da região do que por sua gestão própria. Desde o início da crise, a Prefeitura já tinha definido regras para o isolamento social, algumas delas distintas das propostas do Estado. Com sua adesão ao programa, abriu mão de suas orientações e acolheu as do Governo estadual, o que gerou, como em outros municípios, várias distorções. A reunião de sexta-feira, espera-se, deve servir para correções de rumo.

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O ponto a discutir é se valeu a pena a adesão e quais os pontos podem ser revistos se comparados às decisões locais. Se os demais municípios do entorno continuarem com regras próprias, de pouca valia será a submissão ao Estado, pois a meta era a integração de procedimentos. E nem todos entenderam dessa forma, mantendo, porém o êxodo de seus pacientes para o município-sede, que já tem algumas unidades hospitalares com 100% de leitos do SUS ocupados.

O enfrentamento a uma pandemia de tal monta não é um exercício fácil. Ele exige avaliações frequentes para a tomada de decisões. No momento em que se assiste à flexibilização de alguns setores, em metrópoles como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, é necessário ver em que cenário Juiz de Fora se encontra, o que só é possível com dados diários dos órgãos de acompanhamento. A simples reabertura porque outros estão adotando é um gesto temerário, mas o contrário também é verdadeiro. Dizer não pura e simplesmente incorre em outros danos. Ciência e economia devem manter abertos os canais de diálogo, sobretudo quando o inimigo comum é o vírus e não os segmentos que, ao final de tudo, estão no mesmo barco.

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