Transição vital
A troca de informações é fundamental para a próxima gestão implementar as primeiras ações e conhecer os limites financeiros da máquina pública
O adiamento das eleições de outubro para novembro encurtou diversos prazos: a campanha foi menor, especialmente no segundo turno, com apenas duas semanas, e os eleitos e as eleitas têm apenas um mês para montarem suas equipes e iniciarem a jornada no dia 1º de janeiro de 2021. A transição, portanto, tornou-se fundamental para o bom começo, já que qualquer empreendimento iniciado às cegas demora mais tempo para ser implementado. As equipes da prefeita eleita Margarida Salomão e do prefeito Antônio Almas tiveram, nessa terça-feira, o primeiro encontro, que deve ser o primeiro de uma série.
Almas, que não disputou a reeleição, mesmo tendo esse direito, já na primeira fase da campanha liberou todos os dados disponíveis para visitação dos candidatos. Nem todos fizeram o dever de casa, mas na própria campanha já se sabia do buraco de R$ 150 milhões que ficaria para a próxima gestão. A boa notícia foi o anúncio feito, também nesta quarta-feira, de pagamento integral do 13º salário de todos os servidores. Nos últimos anos, prefeituras de todo o país têm feito esse pagamento em parcelas e com atraso, como ocorre também nos governos estaduais, e Minas não é exceção. Os custos da máquina pública caíram, já que as aulas e vários serviços foram suspensos e, em consequência, alguns benefícios. A sobra cobriu a conta.
É fato que foi apenas um momento, pois as administrações terão sérias dificuldades econômicas em decorrência da crise que começa em Brasília e passa pelos estados. A palavra de ordem será criatividade. A equipe econômica do ministro Paulo Guedes vem encontrando dificuldades para desenvolver seus projetos, e parte da penalização é repassada aos municípios, nos quais as demandas ocorrem, e a cobrança é feita diretamente pelo eleitor.
Enquanto não houver mudança na política de repasse, com maior fatia para os municípios, o Fundo de Participação e as emendas parlamentares continuam sendo as alternativas para implementação de projetos. Uma das maiores repassadoras de recursos para o município, a despeito do viés partidário ou ideológico, a prefeita eleita, Margarida Salomão, certamente conhece o caminho das pedras, e sua experiência será fundamental para tais ações.
Em entrevistas na Rádio CBN, na manhã de ontem, os vereadores Nilton Militão e Vagner de Oliveira – que estiveram na trincheira de Wilson Rezato – foram enfáticos ao dizer que o embate político terminou no dia 29, mostrando disposição para ajudar a prefeita nas demandas de interesse do município. Ambos podem recorrer a deputados e senadores mais próximos para atuar nesse sentido.
As questões econômicas ficam mais nítidas com a pandemia, mas esta tornou-se, especialmente, um desafio na saúde. O país passa por um momento em que o número de contaminação está em curva crescente, e Juiz de Fora não é exceção. Na semana passada, o prefeito Antônio Almas, atendendo recomendação do Comitê de Combate à Pandemia, recuou a cidade para a onda amarela e não descarta chegar à onda vermelha – a mais restritiva – se os números não caírem. Como a vacina não tem data, e a pandemia não acaba no dia 31, este, também, é um desafio imediato para o próximo Governo.