Pacto coletivo
Entidades produtivas e sociedade devem ter o mesmo foco no enfrentamento à Covid-19, considerando o novo normal, desde que cumpridos os devidos protocolos
Nenhum país pode fingir que a pandemia do coronavírus acabou. O alerta foi emitido ontem pela Organização Mundial de Saúde perante o aumento de casos em regiões que já consideravam ter superado a crise e pela reação popular às necessárias medidas de flexibilização. Muita gente voltou às ruas como se tudo estivesse normal, aumentando as aglomerações. Imagens do fim de semana mostraram praias lotadas e um número reduzido de frequentadores utilizando máscara.
Juiz de Fora entrou na fase dois do Minas Consciente, flexibilizando vários setores, incluindo, agora, bares e academias de ginástica. A questão a ser discutida é a utilização de tais espaços. Fechada em casa desde o início do ano, a população tenta retomar seu lazer, mas para isso terá que fazer a sua parte no processo de reabertura, sem os riscos de uma etapa em que os bares ficaram abertos e tiveram que ser fechados.
As entidades representativas do setor se prepararam para orientar seus filiados a fazer a sua parte e a cobrar dos clientes as medidas necessárias, a fim de garantir que todos tenham as mesmas preocupações. Na primeira etapa, o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 recuou na flexibilização, uma vez que nem todos levaram em conta as regras do jogo. Se cumprirem os protocolos, é possível levar adiante esse novo normal.
Vale o mesmo para as academias. O exercício físico é associado ao bem-estar, que se tornou ainda mais necessário nesse ciclo de isolamento. Se os protocolos forem executados à risca, terão todas as condições de funcionar sem problemas, o que é um bom sinal para os usuários e para os milhares de profissionais do setor, que tiveram que se virar durante esse período, com aulas virtuais, que nem sempre produzem os mesmos resultados.
Ainda sem data para as vacinas, não há outro caminho a ser seguido a não ser a prudência. Trata-se de pacto coletivo a ser firmado entre a sociedade e as instituições, a fim de dar continuidade à rotina. Comércio, serviços e indústrias estão voltando às suas atividades, mas quem tem meios de manter o isolamento deve fazê-lo, a fim de garantir que as unidades de terapia intensiva continuem com níveis de ocupação adequados. Hoje, o que regula a progressão de faixas é a capacidade do Estado, em todas as instâncias, de responder às internações. Por isso, o novo normal não significa o mesmo de antes.
Nos esportes, já se fala na volta do público aos ginásios e aos estádios, dentro de protocolos rígidos, mas é necessário avaliar o quanto isso vai impactar, pois são eventos de aglomeração. Na Europa, já há experiências, mas, até lá, onde a pandemia já passou por vários estágios, não há entusiasmo pela retomada. Pelo menos não há interesse em tomar medidas com o viés de açodamento.