O Censo nas ruas
Trabalho dos pesquisadores é estratégico para a elaboração de políticas públicas e tomada de decisão em torno de projetos de várias implicações
Depois de dois adiamentos – o primeiro, em 2020, por causa da pandemia, e o segundo, no ano seguinte, por falta de recursos -, o IBGE começou, nessa segunda-feira, o Censo Demográfico 2022. Ao longo dos próximos três meses, mais de 183 mil recenseadores irão percorrer todo o território nacional para registrar os endereços georreferenciados e aplicar os questionários nos domicílios, nesta que será a 13ª operação censitária do país. A projeção da população brasileira para este ano é de cerca de 214,8 milhões de pessoas, e o Censo servirá para atualizar o número de brasileiros, sua distribuição no território e suas condições de vida. Em Minas Gerais, a projeção populacional para 2022 é de 21,5 milhões de habitantes; caberá aos 18,9 mil recenseadores verificar em campo quantos moradores havia no estado na data de referência. Além dos recenseadores, cerca de 2,2 mil supervisores farão a verificação e a validação dos dados coletados. Em Juiz de Fora, estarão trabalhando, devidamente credenciados, 520 agentes, que deverão visitar cerca de 187 mil domicílios.
Para verificar o impacto da pandemia na mortalidade registrada no país, houve uma modificação no período de referência do quesito que investiga se faleceram pessoas em cada domicílio: de 12 para 42 meses anteriores à data de referência da pesquisa (meia-noite de 1º de agosto de 2022). São dados estratégicos que irão apontar as consequências de um dos maiores flagelos das últimas décadas, matando, só no Brasil, quase 700 mil pessoas. É necessário destacar que a Covid ainda é um dado real nos nossos dias, bastando acompanhar o número diário de óbitos pelo país afora.
O Censo é uma ferramenta vital não apenas para mostrar quantos somos, mas também como vivemos. O pesquisador indaga sobre renda, mas também apura as condições de cada brasileiros, o que é um fator importante para a implementação de políticas públicas. Sem tais dados, muitas ações são tomadas – quando o são – com base em projeções, o que nem sempre corresponde à realidade. Sem dados, há uma natural perda de recursos pela insuficiência de informações.
Os números a serem levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas são referência para um outro tanto de ações, inclusive nas relações de poder entre os entes federados. Os dados apurados na pesquisa – em várias frentes, como renda, emprego, saúde e grau de educação, especialmente – são a mola mestra para as ações governamentais em todas as instâncias de poder, que precisam de tais informações para a gestão do interesse coletivo.
O atraso de dois anos teve impacto direto em vários projetos que poderiam ter saído do papel se os dados estivessem atualizados. Agora, é andar rápido para recuperar o tempo perdido. De acordo com o próprio IBGE, que faz as pesquisas presenciais com o uso de instrumentos digitais, antes mesmo do tempo previsto já será possível gerar dados ainda este ano. É o que se espera, enquanto os orçamentos ainda estão em fase de elaboração.