Copa no Brasil

Transferência de competição para o Brasil abriu espaço para novo enfrentamento que vai além do viés esportivo


Por Tribuna

02/06/2021 às 07h00- Atualizada 02/06/2021 às 21h27

A transferência da Copa América para o Brasil, depois da recusa de Colômbia e Argentina – uma por razões políticas e a segunda por conta da pandemia do coronavírus – tornou-se o centro de uma discussão além dos limites esportivos, a ponto de ser pauta até da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura questões envolvendo a pandemia. O relator, Renan Calheiros, pediu à comissão técnica, aos jogadores e, especialmente, a Neymar, que rejeitem a competição, como se tivessem poder para isso. O senador jogou mais para a plateia do que para os fatos.

A realização de partidas de futebol em meio ao aumento nos casos de contaminação tem sido uma discussão que começou no ano passado. A volta aos gramados, a despeito de todos os cuidados e da ausência de torcedores, foi um contrassenso desde o início, embora defendida por muitos, sob o argumento de ser uma alternativa de lazer para a população confinada. No Brasil, quase todos os clubes pagaram o preço em algum momento, com jogadores contaminados, foram obrigados e utilizar reservas, mas o caso mais emblemático aconteceu com o River Plate, da Argentina, que fez um dos jogos com jogadores reservas, utilizando um jogador de linha no lugar do goleiro, pois o titular e seus substitutos estavam contaminados.

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Apesar de todos esses acontecimentos, e sem torcida, a bola continuou girando pelos gramados. E é aí que se dá o centro da discussão: qual a diferença de a Copa América ser realizada no Brasil a essa altura dos acontecimentos? O argumento central é o aumento de casos e possíveis migrações de contaminados de outros países, mas por que, então, não se paralisou a Copa Libertadores da América, que tem um viés mais crítico. A Copa América será com todas as Seleções, devidamente vacinadas, num só país. A Libertadores, não. Os times percorrem todo o continente, em jogos de ida e volta, impondo aos atletas e técnicos todos os riscos da pandemia. Vale o mesmo para os jogos eliminatórios. Amanhã, por exemplo, a Seleção Brasileira enfrenta o Equador, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre.

Um país dividido dá margem para todo tipo de discussão e o que se percebe nessa questão, é, de novo, um enfrentamento por conta das diferenças políticas, sem que haja qualquer esforço de consenso. A realização do evento poderia ser melhor avaliada – a despeito dos prazos – sem necessidade de tais enfrentamentos. A Conmebol, organismo que controla o futebol na América do Sul, entendeu-se com a CBF, que, por sua vez, procurou o Governo Federal de quem ganhou simpatias, mas poderia ter ido também aos governadores. Teria evitado o desgaste de ver vários entes federados, entre eles Minas Gerais, recusando-se a acolher as seleçõe

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