Quem não se comunica…

Governador Romeu Zema precisa envolver-se diretamente nas articulações na Assembleia para aprovar seus projetos, sob o risco de ficar impedido de tomar as necessárias medidas para Minas voltar a crescer


Por Paulo Cesar Magella

02/04/2019 às 06h37

Ao fechar o terceiro mês de seu mandato, o governador Romeu Zema precisa melhorar sua interlocução com a Assembleia e, principalmente, a sua comunicação com a opinião pública, a fim de dizer aos mineiros qual o objetivo do seu pacote de recuperação financeira, ora tramitando na sua Assembleia, suas consequências e as eventuais contrapartidas. Caso contrário, corre o risco de ficar sem uma ferramenta que a sua área técnica considera vital para o implemento de seu projeto de Governo.

Empresário bem-sucedido, o governador levou para sua administração o modelo de gestão da iniciativa privada, mas esbarra em algumas questões próprias do serviço público, a começar pelo Parlamento. Os deputados querem aprofundar a discussão, rejeitando a possibilidade de uma aprovação sem debate, sobretudo diante do envolvimento de temas relevantes, como servidores públicos e privatização de empresas. Zema tem que explicar melhor a sua proposta, mas deve fazê-lo num diálogo de iguais, sem imposição, como é comum no setor privado.

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Com a economia sucateada, fruto de ações perdulárias de gestões anteriores, Minas precisa se refazer, mas não a qualquer preço, como advertem os parlamentares. Tal reação é fruto, em boa parte, do desconhecimento exato do pacote do Governo e da falta de tato na relação. O pragmatismo do governador esbarra no modo de atuação dos deputados, que, muitas vezes, jogam para a plateia a despeito de saberem que é preciso tomar ações drásticas para recuperar o potencial econômico do Estado.

O impasse, pois, é o pior dos mundos para uma economia que precisa de medidas, exigindo boa vontade de ambos os lados: do Executivo, que precisa conversar mais e ceder no que for necessário – sem barganhas pouco republicanas -, e do Legislativo, que não pode ficar no palanque o tempo todo pressionando o Governo em busca de benefícios distantes do interesse coletivo. Esse tempo já passou, e é preciso compreensão para melhorar a situação.

Sem base na Assembleia, o governador terceirizou a articulação, mas seus interlocutores estão no limite das possibilidades ante a falta de tato do próprio titular. Ele tem que se envolver pessoalmente na discussão, sob o risco de ficar de mãos atadas para cumprir sua agenda de Governo.

Quando não há diálogo, a situação se agrava, e já não cabe mais responsabilizar os antecessores, pois esse tempo já se esgotou. A bola, agora, está com a atual gestão.

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