Razões e objetivos
Tribuna completa 39 anos, tendo pela frente os desafios da pós-modernidade e as mudanças no modo de comunicar
Há exatos 39 anos, a comunicação em Juiz de Fora ganhava um novo ator. No dia 1º de setembro de 1981, a Tribuna de Minas começava a circular. Era um jornal novo nas ideias e nos objetivos, que chegava para discutir e escrever a história da cidade. Idealizado pelo empresário Juracy Neves, já proprietário da Rádio Sociedade, hoje CBN, o jornal tinha um novo conceito de trabalho, voltado para a defesa da livre iniciativa e para as causas da região.
Esses princípios, consagrados no primeiro editorial – Razões e objetivos -, continuam sendo perseguidos, pois, assim como a história, a comunicação também é dinâmica. Se, naquele tempo, eram as linotipos, o telex e as radiofotos a via das informações, hoje, o jornal impresso tem o mundo digital como seu principal desafio. Fazer essa conciliação é o debate constante das redações. Mas o impresso continua vivo.
Quando de sua primeira edição, a Tribuna se deparava com o período de descompressão política, por meio do general João Figueiredo, mas ainda iria registrar, por mais quatro anos, a transição para a democracia. Figueiredo aqui esteve, quando anunciou seu interesse em eleger uma base sólida nas eleições do ano seguinte, quando a Arena, até então no poder com Francisco Antônio de Mello Reis, cederia a cadeira municipal para o emedebista Tarcísio Delgado. Se o primeiro se caracterizou como um realizador, com obras que até hoje estão sólidas na cidade, como a Cidade Alta, o Mergulhão e a nova Rio Branco, a sucessão migraria para o viés social, com a implementação de políticas participativas, como os mutirões, pelos quais público e privado, sem interesses terceiros, atuavam juntos na busca do bem comum.
Durante esses anos todos, a Tribuna registrou mudanças no Paço Municipal e viveu a tragédia de 1985, num domingo de 21 de abril, quando o eleito Tancredo Neves morreu. O país da redemocratização se via diante de José Sarney, um vice para compor que acabou dirigindo o país por cinco anos. Diga-se, errou feio na economia com seus diversos planos, mas foi republicano ao não interferir na formação da Constituição de 1988. A Tribuna viu Fernando Collor ascender ao poder e ser apeado dois anos depois, deixando a vaga para Itamar Franco. Na gestão do ex-prefeito, criou-se o Real, que mudou os padrões econômicos do país, dando fim à inflação de muitos dígitos.
Registrou os oito anos de Fernando Henrique, seguido por tempo semelhante de Luiz Inácio Lula da Silva, e a chegada da primeira mulher à Presidência, a economista Dilma Rousseff, que cumpriu um mandato e meio. Como Collor, caiu no impeachment, cedendo a vaga para o vice, Michel Temer. A Tribuna acompanhou de perto o drama de Jair Bolsonaro, ao ser esfaqueado no Calçadão, e a sua chegada ao poder.
O mesmo jornal que ora acompanha os ensaios para a sucessão municipal viu a ascensão e a queda do prefeito Alberto Bejani, substituído pelo vice, José Eduardo Araújo, a gestão tucana de Custódio Mattos, o mandato e meio de Bruno Siqueira e o seu complemento com o médico Antônio Almas.
E mais, vive o desafio diário de informar a população sobre a pandemia do coronavírus e tornar-se um foro permanente sobre as discussões que ela impôs à sociedade.
Aos 39 anos, o jornal mira o horizonte, como sempre, olhando à frente de seu próprio tempo.