Mais uma chance
A parceria com a Infraero dá novo fôlego ao Aeroporto da Serrinha, que carece de investimentos para se tornar viável para a cidade e a região
As negociações do Município com a Infraero – em estágio avançado -, para volta da empresa ao Aeroporto da Serrinha, apontam para um desfecho positivo em torno de um projeto que há anos passa por idas e vindas, a despeito de sua importância. Durante anos, antes da construção do Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, os voos passavam pela Serrinha. No início, havia dificuldades técnicas que foram superadas no decorrer do tempo: faltavam iluminação da pista, equipamentos para pousos e decolagens por instrumento e uma unidade própria dos bombeiros para assegurar a segurança.
Essas etapas foram vencidas, mas, com a opção das aéreas pelo terminal entre as cidades de Goianá e Rio Novo, os investimentos caíram em Juiz de Fora. Hoje, há deficiência na iluminação da pista – já apontada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – e nos Planos Básicos de Zona de Proteção do Aeródromo. Os planos, de acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), são uma exigência que limita as implantações no entorno dos aeroportos e identificam o tipo e a altura dos obstáculos, como prédios e antenas, que podem ser construídos sem prejuízo dos voos, visuais ou por instrumento.
Em muitas regiões, fruto do adensamento das metrópoles, os aeroportos convivem com regiões ocupadas. O de Congonhas, em São Paulo, um dos principais terminais do país, foi cercado por casas e prédios, e o passageiro se vê em meio a um conglomerado que em tempos de hoje não seria permitido. Ele, porém, continua operando.
A participação da Infraero dará margem para a retomada de voos comerciais no Serrinha e em condições de maior segurança para a aviação executiva, hoje com vários galpões em seu entorno.
Quando apresentou o propósito de construir o aeroporto que hoje leva o seu nome, o presidente Itamar Franco já tinha discutido a situação do Aeroporto da Serrinha. Um estudo elaborado pela Aeronáutica apontou para a necessidade de uma torção de 45º na pista, para a sua ampliação. Para tanto, seria necessário cortar um morro no lado norte da pista. Hoje, isso é impossível, pois o que naquele tempo era apenas um pasto, hoje, é o Bairro Santos Dumont.
Aliás, Juiz de Fora tem um histórico negativo no timing para execução de projetos. Na concepção inicial da BR-440, a pista para ligação com a Avenida Rui Barbosa passava por terrenos sem ocupação. Com o adensamento, eles formam hoje os bairros Democrata e Vale do Ipê.
Ainda na gestão Itamar, uma outra opção era construir o aeroporto em Três Rios, mas a Zona da Mata foi escolhida. A questão posta é: com o Serrinha, o Itamar Franco perde força? A resposta é simples: não, mas é necessário acelerar a discussão sobre a sua vocação industrial. Pela posição, a região é um huble que atenderia a uma vasta demanda que já passa pelo Porto Seco, seriam necessários investimentos. Um dos pontos a serem atacados é a acessibilidade. No momento em que fala na recuperação das estradas de Minas, o governador Romeu Zema deveria dar uma atenção especial à MG-353. Sua duplicação é uma necessidade, para garantir a convivência entre veículos comuns e carretas que buscarão acesso ao terminal.