Consumidora compra iPhone e recebe goiabada

Caso ocorreu em Lima Duarte; advogada orienta sobre golpes praticados pela internet


Por Gracielle Nocelli

30/09/2021 às 17h28- Atualizada 30/09/2021 às 17h30

Uma moradora de Lima Duarte, município localizado na Zona da Mata, foi surpreendida ao receber uma goiabada no lugar do iPhone que comprou pela internet. A compra foi realizada em setembro por meio do site do Submarino. Após acionar a empresa, registrar um boletim de ocorrência e procurar orientação jurídica, ela conseguiu a restituição do valor do dinheiro.

De acordo com informações do boletim de ocorrência da Polícia Militar de Lima Duarte, a consumidora relatou que fez a compra no último dia 14 no site. No dia 20, recebeu a encomenda, mas ao abri-la constatou que havia apenas uma barra de goiabada. Ela, então, fez contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), sendo instruída a aguardar o prazo de dois dias.

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Ainda de acordo com as informações da PM, no dia seguinte, foi feito novo contato com a empresa, no qual ela foi orientada a esperar o prazo mencionado anteriormente e registrar um boletim de ocorrência.

No dia 23 de setembro, a consumidora relatou o ocorrido no site Reclame Aqui. Em resposta à demanda, a empresa informou que a reclamação estava sendo tratada pelo setor responsável em conjunto com a transportadora e a logística. A Tribuna entrou em contato com a assessoria do Submarino, mas não obteve retorno.

Responsabilidade solidária

A advogada responsável pelo caso e membro da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG), Jéssica Reis Cosendey, explica que nesse tipo de situação não é possível atribuir culpa a uma determinada etapa da cadeia de fornecedores. “A loja, a plataforma, a transportadora são todos solidariamente responsáveis.”

Ela informou que a consumidora já foi restituída, mas que os golpes em compras virtuais têm ocorrido com maior frequência durante a pandemia da Covid-19. “Já tivemos casos bem similares em que as pessoas receberam tijolo e sabão no lugar da mercadoria”, informa. “Mas também há outros tipos de golpes que estão sendo aplicados e que exigem muita atenção do consumidor.”

Consumidores são alvo de outros golpes na internet

De acordo com a especialista, entre os golpes aplicados por estelionatários através da internet, outros dois tipos merecem o alerta do consumidor. Um deles é a clonagem de anúncio de veículos. “O proprietário anuncia a venda, e o criminoso entra em contato dizendo que vai fechar negócio”, explica a advogada. “O anúncio é retirado do ar, mas já foi clonado pelo estelionatário, que passa a oferecer o veículo com um preço aquém do mercado.”

Quando a venda é concluída, o criminoso passa os dados do verdadeiro vendedor. Nesse caso, Jéssica orienta que as pessoas fiquem atentas quando a oferta de um produto estiver com um valor muito abaixo do mercado.

Outro golpe aplicado pela internet tem sido os perfis falsos de hotéis e restaurantes que cobram o pagamento em pix para realizar reservas. “São páginas muito bem feitas de estabelecimentos que existem, o que torna mais difícil a percepção do consumidor sobre o golpe. Algumas têm muitos seguidores.”

Orientações

Para maior segurança na hora de realizar compras pela internet, a advogada alerta sobre alguns cuidados. “Primeiramente, é preciso buscar sites certificados, pois mesmo que ocorra algum tipo de problema, é mais fácil conseguir uma solução. Dar preferência para plataformas que disponibilizam o pagamento seguro também diminui os riscos.”
Outro ponto importante, segundo a especialista, é desconfiar de ofertas com valores muito abaixo do mercado. “É preciso pensar de forma preventiva, pois os estelionatários estão inovando cada vez mais na forma de agir.”

O conteúdo continua após o anúncio

Nesse aspecto, ela orienta a nunca utilizar o pix com ansiedade. “A compra deve ser pensada, o pagamento deve ser feito com calma. Eu falo para nunca comprar o produto no mesmo dia para poder ter esse tempo de avaliação”, aconselha.

Caso a pessoa tenha sido vítima de um golpe, Jéssica orienta a registrar o boletim de ocorrência como forma de documentar a situação e contribuir para as investigações desses tipos de crime. Inicialmente, ela recomenda buscar uma solução administrativa, recorrendo aos canais da empresa. “Se não resolver, é necessário entrar em contato com o Procon, que é o órgão mediador. Se ainda assim a empresa não solucionar a situação, o consumidor pode ingressar em juízo.”

Para isso, ela explica que é necessário ter todos os documentos que comprovem a situação. “O consumidor pode exigir um produto igual ou superior, a restituição do dinheiro com a devida correção e, dependendo do caso, ingressar com uma ação por danos morais.”

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