Policial militar e mais 11 são presos em operação contra o tráfico em Muriaé
Segundo a Polícia Civil, organização criminosa possuía tentáculos na segurança pública e no sistema bancário e atuava também na lavagem de dinheiro
Uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro, com tentáculos na segurança pública e no sistema bancário, foi alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Civil, nesta quarta-feira (27), no município de Muriaé, a cerca de 150 quilômetros de Juiz de Fora. Pelo menos 12 pessoas suspeitas de envolvimento com o bando foram presas, incluindo um policial militar.
Batizada de Castelo de Areia, a manobra visou ao cumprimento de 15 mandados de prisão e outros 17 de busca e apreensão. As prisões foram realizadas em Muriaé e na cidade fluminense de Rio das Ostras.
“Durante as investigações, restou evidenciado que uma organização criminosa, que atuava no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, possuía tentáculos dentro da segurança pública e no sistema bancário, o que facilitava as ações criminosas que ajudavam a financiar e apoiar a organização”, destacou a Polícia Civil.
No decorrer das apurações para combater a quadrilha, foi decretado o sequestro de bens de supostos integrantes do grupo, incluindo uma chácara, avaliada em R$ 1 milhão, e carros de luxo, no valor de R$ 340 mil. A ação contra o tráfico organizado mobilizou 50 policiais civis e contou com apoio da aeronave da instituição, resultando também na apreensão de mais três veículos, sendo dois deles blindados, quase R$ 50 mil em espécie e armas de fogo.
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Investigação conjunta para identificar “grandes traficantes”
“Já há algum tempo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes faz trabalho conjunto com a Delegacia de Homicídios, buscando identificar em Muriaé os grandes traficantes de drogas, que atuam no atacado e que trazem a droga para que seja distribuída e revendida por pequenos traficantes”, explicou o delegado Tayrony Espíndola Borges.
Segundo ele, nesse sentido, a operação Castelo de Areia foi realizada por meio do trabalho de inteligência, levantamento de informações e cruzamento de dados. “Para nós ficou muita clara a participação dos envolvidos nessa organização criminosa, inclusive do policial militar, preso na terça-feira.”
Nesta quarta, foi dado prosseguimento ao cumprimento dos mandados, com apoio de várias delegacias que integram o 4º Departamento de Polícia Civil. “Todos os materiais arrecadados serão analisados, e possíveis novas fases da operação poderão vir a acontecer”, antecipou Tayrony.
‘Quadrilha atípica’
Sobre a participação do policial militar na organização criminosa, o delegado Glaydson de Souza Ferreira disse que a quadrilha é considerada atípica por possuir três líderes, que utilizavam pessoas em comum para se beneficiarem. Uma delas seria o profissional da segurança pública. “Através dele, ao que tudo indica, todos esse três tinham informações sobre movimentações relacionadas à polícia.”
Glaydson destacou ter chamado atenção o grande patrimônio do bando. Em relação a obras na chácara adquirida por um dos integrantes, que estaria sendo vendida por R$ 1 milhão, os policiais descobriram que o funcionário de um banco teria auxiliado o proprietário. “Chamou a atenção o vínculo com esse agente financeiro.” Segundo a polícia, os dois também teriam se associado em uma padaria para lavagem de dinheiro. “A padaria não dava lucro, mas os depósitos referentes ao tráfico de drogas eram feitos na conta do estabelecimento, e esse dinheiro retornava como patrimônio lícito.”
Ainda conforme o delegado Glaydson, a chácara, que estaria em nome de terceiro, teria sido adquirida com o dinheiro do tráfico. “O investigado deu uma entrada de R$ 250 mil e pagava as prestações sempre em dinheiro vivo.” Segundo ele, as investigações continuam em andamento.
PM se pronuncia sobre prisão
Sobre a prisão do policial militar por suspeita de envolvimento na organização criminosa, o comando da PM em Muriaé disse ser uma situação “constrangedora e triste”, devido ao desvio de conduta daquele que deveria ser exemplo para a sociedade. A PM enfatizou primar por princípios de boa conduta e reforçou que não coaduna com desvios, como o demonstrado pela investigação. A corporação parabenizou a Polícia Civil pelo trabalho e garantiu ter dado todo o apoio necessário.