Ubá e Muriaé decretam situação de emergência devido às chuvas

Outras cidades da região também ficaram debaixo d’água, deixando pessoas ilhadas


Por Sandra Zanella

25/01/2020 às 15h07- Atualizada 25/01/2020 às 15h39

Ruas de Ubá ficaram tomadas pela água (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Os municípios de Ubá, a cerca de 110 quilômetros de Juiz de Fora, e Muriaé, distante 160 quilômetros, decretaram situação de emergência entre sexta-feira e este sábado (25). As duas cidades estão entre as mais atingidas pela chuva intensa que afeta várias áreas do estado e da Região Sudeste do país nos últimos dias. Até a tarde deste sábado, 325 pessoas estavam desalojadas, 300 delas apenas em Muriaé, onde também há outras 44 desabrigadas. Em Ubá, três imóveis foram interditados e um prédio estava com risco de desabamento. Até às 20h30 de sexta, foram contabilizados 124,1 milímetros em 24 horas. Entre os diversos pontos de alagamento, o Ribeirão Ubá transbordou na Avenida Beira-Rio, causando a inundação de toda a via e suas pontes. A recomendação era que a população evitasse o local. Além disso, a Estação de Tratamento de Água de Miragaia, responsável pelo abastecimento de cerca de 40% da população, ficou fora de operação em razão de estragos causados pelas precipitações. A Prefeitura estipulou o religamento para 15h deste sábado, mas solicitou economia de água por parte dos moradores.

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Outras cidades da região da Zona da Mata, como Dona Euzébia, Guiricema, Guidoval, Carangola, Cataguases, Manhuaçu e Miradouro também ficaram debaixo d’água entre sexta-feira e sábado. O Corpo de Bombeiros registrou uma morte na cidade de Tocantins. Um homem de 27 anos foi encontrado sem vida, por volta das 6h da manhã deste sábado, em local onde houve inundação, que atingiu cerca de um metro de altura. Havia indícios de afogamento, e a perícia foi acionada, mas ainda não havia confirmação da causa do óbito.

Em nota divulgada na noite de sexta, a Prefeitura de Ubá já havia destacado que o município foi atingido por chuvas intensas e severas. Até a manhã de sábado, o Corpo de Bombeiros recebeu 55 chamadas relacionadas às chuvas na cidade e redondezas, sendo a maioria delas referentes a vítimas ilhadas e a risco de deslizamento de barrancos. As primeiras 20 pessoas ficaram desalojadas ainda na sexta, após a interdição de três imóveis nos bairros Inês Grôppo, Industrial e na Rua Antônio Batista, no Centro.

“Integrantes do Sistema de Comando de Operações reuniram-se novamente na manhã deste sábado. O número de desalojados chegou a 25 pessoas, toda encaminhadas à casa de familiares. A ponte Major Siqueira, na Rua Cristiano Roças, foi interditada totalmente para passagem de veículos e pedestres. Os imóveis do entorno passarão por nova vistoria da Defesa Civil. A Rua João Grôppo foi interditada para passagem de veículos e pedestres, a partir da esquina com a Rua Nossa Senhora Aparecida, devido ao risco de desabamento de um prédio. Três imóveis foram interditados. Equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e da Divisão de Trânsito atuam no local. Recomenda-se aos motoristas que evitem a região”, informou a Prefeitura em nota.

No fim da tarde de sexta, após mais de 12 horas de precipitações, foram registrados alagamentos, inclusive na rodoviária, no Centro, e nos bairros Jardim Glória, Waldemar de Castro, Eldorado, Santa Edwiges e San Rafael, além da Avenida Beira-Rio. Devido à situação caótica, o plano de contingência foi acionado, mobilizando a Defesa Civil, as secretarias de Ambiente e Mobilidade Urbana, Desenvolvimento Social, além de Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Copasa. A companhia monitorou o nível da água para iniciar o serviço de manutenção e restabelecimento do tratamento e distribuição. Doações de água mineral podem ser entregues no Fórum Cultural de Ubá, sendo recomendadas garrafas de até cinco litros, vedadas.

Em relação às estradas rurais, o acesso a Miragaia foi restabelecido. Em Ubari, equipes atuam na retirada de terra próximo a Santinha. Na ponte do Bairro Santa Rosa há passagem apenas para veículos leves, mas está sendo feita a construção de acesso de madeira. Quase 90 pessoas atuam em ações de limpeza, reconstrução e recuperação de acessos, restabelecimento de estradas rurais e isolamento de áreas interditadas. Outras 60 trabalham diretamente no trânsito ou na limpeza.

Além de evitar os locais afetados pelas enchentes, especialmente a Avenida Beira-Rio, a Prefeitura orienta a população a deixar imediatamente os locais sob risco de alagamento ou desabamento e acionar o Corpo de Bombeiros, pelo 193. “Não se arrisque em atravessar a pé ou com veículos as ruas e áreas alagadas.” O Corpo de Bombeiros pede que as pessoas evitem pegar estrada neste sábado, devido à queda de barreiras e surgimento de buracos, especialmente nas rodovias de acesso à Guidoval e Juiz de Fora.

Muriaé

Diversos pontos de alagamento e inundação também foram registrados em Muriaé, nos bairros Dornelas, José Cirilo, Barra e Santana. Nestes três últimos, há dezenas de ruas ribeirinhas interditadas. Também foram fechadas a ponte próxima à Penitenciária Doutor Manuel Martins Lisboa Junior, na BR-356, sentido Muriaé/Itaperuna e a Avenida Dante Brumm, que liga Muriaé a Ervália. A passagem de veículos e pedestres embaixo do viaduto da Gávea, na BR-356, próximo ao Via Park, ficou impedida. A rodovia, que faz ligação entre os estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, precisou ser totalmente interditada no km 270, em virtude de alagamento no rolamento da rodovia.

Rodovia 356 precisou ser interditada na altura do km 270 (Foto: PRF/Divulgação)
Estimativa era de que 300 pessoas foram desalojadas (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)

Quatro imóveis foram interditados, e os 300 desalojados foram encaminhados à casa de familiares, enquanto os 44 desabrigadas estão no Centro de Formação e Ascenção Social (Cefas). O Corpo de Bombeiros recebeu 38 chamados, em toda sua área de atuação, e utiliza barcos no atendimento a pessoas ilhadas.

Na vizinha Tombos, a partida entre o time da cidade e Cruzeiro, que ocorreria às 19h30 deste sábado, precisou ser adiada. Segundo a Federação Mineira de Futebol (FMF), houve alagamento no Estádio Almeidão, e o confronto foi remarcado para o dia 22 de fevereiro, sábado de carnaval. Com a dificuldade de acesso, o clube celeste precisou passar a noite em Muriaé e retornou à capital.

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Cataguases

Em Cataguases, o Rio Pomba subiu quase três metros acima do nível da calha, segundo o Corpo de Bombeiros. Os acessos ao município pelo Bairro Granjaria e pela Vila Minalda estão inviáveis. Alguns bairros também ficaram com seus acessos interditados pelas águas. Os militares ajudam na retirada de pessoas com dificuldades de locomoção de suas residências e também auxiliam na remoção de móveis. Há três desabrigados e cerca de cem pessoas podem estar desalojadas.

Manhuaçu

Em Manhuaçu, alguns pontos da cidade ficaram ilhados. Segundo informações da Prefeitura municipal, houve rompimento da adutora, e a estação de tratamento de água da cidade deixou de funcionar. Informações davam conta de que a Represa de Realeza teria se rompido, mas, conforme informações da Defesa Civil do município, na verdade, houve transbordamento. Agentes da Prefeitura foram encaminhados ao local para avaliar a situação.

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