Casal é preso por suspeita de matar bebê de 1 ano em Ubá

Além dos ferimentos aparentes, criança sofreu hemorragia intratorácica e intra-abdominal, fraturas na costela e no crânio


Por Sandra Zanella

23/01/2020 às 19h35

A 16ª Delegacia de Polícia Civil de Ubá investiga a morte de um bebê de 1 ano e 2 meses, ocorrida terça-feira (21) no município da Zona da Mata, que fica a cerca de 110 quilômetros de Juiz de Fora. A mãe da criança do sexo masculino, de 23 anos, e o padrasto, 22, foram presos em flagrante por suspeita de homicídio e estão na unidade prisional de Ubá. De acordo com informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, policiais compareceram ao Hospital São Vicente de Paula após o Conselho Tutelar ter sido acionado devido ao menino ter dado entrada na unidade sem vida, apresentando escoriações por todo corpo e cabeça. Os médicos relataram que o bebê apresentava ferimentos recentes no lábio inferior, na orelha e sinal de mordida na face. A vítima havia sido socorrida pelo próprio casal em um veículo particular, e exames posteriores detectaram que ela também havia sofrido hemorragia intratorácica e intra-abdominal, fraturas na costela e no crânio.

O caso chocante aconteceu no Bairro Mangueira Rural. O padrasto explicou aos policiais que sua companheira havia saído para buscar leite e deixado a criança com ele por volta das 7h30 daquele dia. Ele afirmou estar dando banho, quando o funcionário da companhia de energia elétrica chamou ao portão para fazer a leitura do medidor. Desta forma, decidiu colocar o menino no sofá e segurar a cachorra. Ele alegou que o bebê vinha apresentando problemas de saúde, roncando há uns dias e, quando retornou para pegá-lo no móvel, percebeu que estava ficando sem ar. O homem acrescentou ter feito massagem cardíaca e respiração boca a boca na tentativa de reanimá-lo. Ainda na versão dele, após retomar a consciência umas três vezes, a vítima voltou a desfalecer.

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O suspeito contou ter deixado o menino no sofá e saído para tentar contato telefônico com a mãe da criança, sem sucesso. Em seguida, retornou para casa, mas percebeu que a vítima já não estaria mais respirando. Ele disse ter terminado de vestir o enteado e saído de bicicleta para procurar a companheira. Após a mulher ser informada sobre o ocorrido, o casal retornou à residência e solicitou ajuda para seguir até o hospital. Um mecânico confirmou que o pedido de socorro aconteceu por volta das 9h.

A mãe do bebê corroborou aos militares ter saído às 7h30 para buscar leite no Centro. Quando retornava, encontrou seu companheiro de bicicleta, que disse para ela montar rápido no veículo, porque o filho estava passando mal e sem respirar. Chegando em casa, a moradora encontrou o menino “todo mole”. Ao colocá-lo em seu colo, ele teria apenas aberto e fechado o olho. A mãe afirmou que o padrasto, com quem está há sete meses, não agride a criança, mas ressaltou que a mesma não possuía problemas de saúde e nunca havia apresentado problemas respiratórios, como roncos. A mulher ainda tem uma filha de 4 anos, que mora com o avô materno.

O casal alegou que o menino chorava muito e caía sempre porque estava aprendendo a andar. Ele havia completado 1 ano no dia 1º de novembro. Ainda segundo o relato dos suspeitos, no último sábado, um objeto atingiu a cabeça do bebê, causando ferimento, e um vidro de rack também o lesionou. Há dois meses, de acordo com o padrasto, a cachorra agarrou a camisa da criança, que foi arrastada e sofreu escoriações na cabeça. Já o ferimento na boca, eles atribuíram a uma afta. Sobre a mordida, a mulher disse ter sido dada por ela ao brincarem no último domingo quando, por impulso, apertou mais forte.

Necropsia

A perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos no imóvel da família, a pedido do delegado, e o corpo do bebê foi encaminhado para necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Ubá. Conforme a PM, o médico-legista informou, previamente, que a vítima apresentava hemorragia intratorácica, com fraturas de costela à direita e grande hemorragia intra-abdominal, além de várias fraturas na calota craniana, que causaram sangramentos na cabeça.

Enquanto o casal já estava preso na delegacia, o avô materno compareceu à unidade policial e revelou que, há cerca de um mês, sua filha havia chegado na casa da avó materna das crianças com seus filhos apresentando hematomas. A menina de 4 anos estava ferida próximo ao olho e, depois disso, não quis mais retornar para o convívio da mãe e do padrasto, afirmando que o homem a agredia. O irmão dela, de apenas 1 ano e 2 meses, foi sepultado na tarde desta quarta-feira no município de Tabuleiro, situado entre Ubá e Juiz de Fora.

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