Cerca de 60 famílias sem moradia acampam em área pública em Rio Novo

Prefeitura do município informou que acompanha movimentação na Cachoeira do Calixto, com apoio da PM


Por Marcos Araújo

20/06/2022 às 19h33

Equipes da Prefeitura do município de Rio Novo, localizado a cerca de 60 quilômetros de Juiz de Fora, e da Polícia Militar acompanham a movimentação de cerca de 60 famílias sem moradia fixa que acamparam em uma área pública do município neste fim de semana. No local, as pessoas ergueram habitações com a utilização de madeirite, telhas onduladas e outros tipos de materiais. Em vídeo que circula pelas redes sociais é possível ver o acampamento, com homens e mulheres construindo moradias e alguns utensílios próximos a essas construções.

Nesta segunda-feira (20), a Prefeitura de Rio Novo informou que tomou conhecimento do episódio, no último sábado (18), com a chegada de algumas pessoas na área conhecida como “Cachoeira do Calixto”, que fica distante cerca de três quilômetros do centro de Rio Novo. Conforme o Executivo, informações preliminares “apontam que são pessoas sem-teto que acamparam no local”.

PUBLICIDADE

Após ser acionada, a Prefeitura adotou uma visita oficial como procedimento, a fim de averiguar a real situação. Foi enviada ao ponto de concentração uma equipe com representantes das secretarias de Assistência Social, Saúde e Educação. A Administração municipal também informou que fez contato com a Polícia Militar, que encaminhou militares para a localidade.

“Após os levantamentos iniciais, o Executivo Municipal tomará as providências cabíveis”, informou a Prefeitura de Rio Novo por meio de nota, salientando que a população será informada sobre o que está ocorrendo através de seus canais de comunicação oficiais. A princípio, como informou o Executivo pela sua assessoria de comunicação, o acampamento não teria ligação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Vídeo que circula nas redes sociais mostra acampamento montado pelas famílias (Foto: Reprodução Redes Sociais)

Polícia registrou ocorrência

A Tribuna teve acesso ao Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) registrado pela Polícia Militar neste domingo (19), a respeito do acampamento. Segundo o documento, com a chegada da PM ao local, foi possível constatar a presença de diversas pessoas na área construindo suas moradias. Uma mulher, de 44 anos, ouvida pelos policiais no local, disse que era coordenadora do movimento Unidos pela Igualdade Social e que o grupo estaria ocupando o local para estabelecer moradias para as famílias que ali se encontravam.

Ainda conforme o Reds, a mulher relatou que o grupo chegou ao local na noite de sábado, e que contava com cerca de 40 famílias naquele momento, inclusive crianças, e que havia previsão de chegada de mais pessoas. A mulher ainda teria relatado que a pretensão daquelas pessoas não era permanecer naquela área, mas, sim, que a Prefeitura conseguisse meios para alojar as famílias em casas populares.

Diante da situação, de acordo com a PM, o prefeito do município, Ormeu Rabelo Filho, foi informado a respeito da situação.

‘Arrumar moradia e emprego digno para essas pessoas’

A Tribuna conseguiu estabelecer contato com a mulher citada pela polícia no registro da ocorrência. Trata-se da assistente social e pedagoga Fabiana Lopes Alvim, coordenadora do movimento Unidos pela Igualdade Social (Upis). Segundo ela, o grupo é pacífico e luta por moradias para famílias que não têm condição de ter uma casa própria ou de pagar aluguel. “Ocupamos a Cachoeira do Calixto, mas nossa intenção é ter um diálogo com o prefeito, para que ele possa arrumar uma localização para o alojamento dessas famílias”, afirmou.

Ela apontou que, no local, nesta segunda-feira, existiam cerca de 60 famílias, com crianças, adultos e idosos. Algumas dessas pessoas são de origem venezuelana. “Vamos permanecer aqui até que esse diálogo seja iniciado com o Executivo, para levar essas pessoas para um local mais bem estruturado. Hoje já estivemos com o prefeito, e ele está dando todo suporte para nós e ainda ficou de solucionar o problema, porque não queremos ocupar uma coisa que é patrimônio da cidade. Nossa intenção é arrumar moradia e emprego digno para essas pessoas”, ressaltou, relatando que algumas pessoas do acampamento já foram ao Centro de Rio Novo e conseguiram emprego. “Terá a reforma de uma escola, e algumas de nossas pessoas vão trabalhar lá. Nosso intuito é contribuir com o crescimento da cidade e dar uma vida digna para todos que estão aqui”.

O conteúdo continua após o anúncio

Fabiana afirmou também que o grupo não tem ligação com o MST. “Nossa bandeira é branca, que significa paz, e tem o sol, que nasce para todos. Nosso movimento não tem bandeira partidária, nossa única bandeira é a Deus”, enfatizou. Ela, que é de Juiz de Fora, ainda relatou que o Upis já tem um acampamento, há cinco anos, no município de Goianá. “Estamos começando esse movimento em Rio Novo. Hoje temos 49 crianças, e todos estão recebendo os cuidados necessários, inclusive a assistência social da cidade já esteve aqui e vai nos fornecer colchões e cestas básicas”, disse.

Em vídeo encaminhado ao jornal, Fabiana também disse que as pessoas que estão acampadas estão de braços abertos para receber doações. “Contamos com a colaboração de todos, que possam chegar aqui, que possam trazer doações e fazer ajudar e conhecer a realidade de cada um que está aqui”, afirmou, ressaltando que o grupo não é formado por “bandidos”, mas sim de pessoas que querem melhores condições de vida.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.