Delegado de Ubá diz ser contraditório depoimento de dono de veículo no caso da vereadora morta no Rio

Ainda não está descartada ligação de Renault Logan com assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes


Por Sandra Zanella

19/03/2018 às 13h07

O delegado regional de Ubá, Guttemberg Souza Filho, confirmou que novas diligências devem ser feitas para apurar se há envolvimento do proprietário e do veículo suspeito, encontrado sábado (17) naquele município, com o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos na noite da última quarta-feira (14), no Estácio, bairro da região central da capital fluminense. O Renault Logan prata, com placas do Rio de Janeiro, é do mesmo modelo e cor daquele supostamente usado na cobertura da ação criminosa, conforme revelado pelas imagens de câmeras de segurança.

O carro está em nome de uma empresa de leilões de veículos, mas, de acordo com Guttemberg, o atual dono é um ubaense de 42 anos, localizado no domingo por meio de investigação. Ao prestar declarações, ele confirmou ter adquirido o Logan há cerca de um mês no Rio, mas não teria esclarecido a procedência nem o motivo de o Renault ter sido achado aparentemente abandonado. Ainda segundo o delegado, o suspeito já tem passagens por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, e a última prisão aconteceu em fevereiro, quando foi flagrado com armamento.

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“O depoimento foi contraditório. Ele não soube explicar onde adquiriu o carro. Em primeiro plano, está descartada a ligação, mas outras diligências sendo realizadas para vincular ou desvincular de vez esse veículo ao caso”, afirmou o Guttemberg, em entrevista à Tribuna nesta segunda-feira. O carro foi achado no Bairro Industrial da cidade da Zona da Mata mineira, a cerca de 110 quilômetros de Juiz de Fora, após denúncia anônima via 181 informar que o mesmo teria sido utilizado no homicídio da vereadora carioca e sido abandonado no endereço.

Como as filmagens não revelaram a placa do Logan que, em tese, teria participado da emboscada, identificando, apenas, o Chevrolet Cobalt de onde partiram os tiros, o delegado faz vários procedimentos e aguarda o resultado do laudo pericial realizado no carro apreendido para pode elucidar a questão. “Ontem (domingo), realizamos uma série de diligências, que serão computadas, analisadas, para se ter um resultado final, se descarta ou não a prática criminosa”.

Também de acordo com a Polícia Civil, o homem que assumiu ser o proprietário do Logan apreendido em Ubá disse não ter estado no Rio no dia do atentado fatal contra a vereadora e também negou qualquer envolvimento com o crime. Naquela ocasião, um Cobalt teria parado ao lado do carro em que estava a mulher, e os ocupantes abriram fogo, atingindo a parlamentar e o motorista. Os dois morreram na hora. Uma assessora de Marielle foi atingida por estilhaços, recebeu atendimento médico e foi liberada.

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O caso chocou todo o país, com manifestações públicas de milhares de pessoas em várias capitais e municípios, inclusive em Juiz de Fora, com ato em frente à Câmara Municipal. Guttemberg destacou que outros detalhes não podem ser revelados para não atrapalhar as investigações, e que está atuando em colaboração, subsidiando a equipe da Delegacia de Homicídios do Rio, que inclusive enviou equipe à Ubá para periciar o veículo e acompanhar as apurações. Por enquanto, o Renault segue retido.

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