Após forte temporal, quatro pessoas morrem em enchente em BH
Em uma das ocorrências, mãe e filha foram encontradas mortas, abraçadas dentro do carro
O forte temporal que assolou Belo Horizonte na última quinta-feira (15) deixou pelo menos quatro mortos, entre eles uma menina de 10 anos e uma adolescente de 16. O corpo da jovem Anna Luísa Fernandes de Paiva Maria foi localizado nesta sexta-feira (16) pelo Corpo de Bombeiros. Ela estava acompanhada do namorado, quando o carro deles bateu na abertura de uma boca de lobo, cuja grade havia sido arrancada pela força das águas. Ao descer do veículo, na Rua Doutor Álvaro Camargos, no Bairro São João Batista, em Venda Nova, ela acabou sendo sugada para dentro da galeria. A água nesse local chegou a atingir quase dois metros de altura.
A cena foi presenciada por policiais militares que se preparavam para fazer o socorro. “A gente estava se aproximando desse veículo, só que, infelizmente, pela força e pelo volume de água, a garota foi sugada pelo bueiro antes que a gente pudesse fazer o resgate com segurança”, explicou o tenente Pedro Aihara.
O corpo de Anna Luísa foi encontrado na Rua Gaivotas, na altura do bairro Xodó Marize, na Região Norte da cidade, a três quilômetros do local em que a adolescente desapareceu. Em choque, os pai da jovem, Elias Fernandes Paiva, estava desolado. “A nossa filha única, 16 anos, estudiosa, boa filha, obediente. Um tesouro nosso foi para água”, disse, chorando.
A confirmação da morte da adolescente encheu a família de dor e revolta. Segundo parentes próximos, Anna foi vítima da falta de obras no local. “Não temos palavras neste momento. O que fica é o sentimento de revolta”, desabafou uma prima da adolescente. Amigos e professores da menina estão usando as redes sociais para manifestar sua perplexidade diante da tragédia.
A jovem foi encontrada sem vida às margens do Córrego Vilarinho, próximo ao Bairro Vila Cloris, a cerca de três quilômetros de distância do local onde ela desapareceu.
Carro arrastado em Venda Nova
Ainda na região de Venda Nova, mãe e filha foram encontradas abraçadas dentro de um carro arrastado pela correnteza na Avenida Vilarinho. As duas foram encontradas mortas no interior do automóvel. A mãe tinha 45 anos e a filha apenas 10. Pedestres que passavam pelo local contaram que a mulher ainda pediu socorro, avisando sobre a presença da criança no carro. No entanto, a água subiu rapidamente, impedindo que elas fossem retiradas do veículo a tempo. Segundo o Corpo de Bombeiros, a mulher ainda estava com um terço nas mãos quando foi encontrada.
O anúncio da quarta vítima foi feito pela Coordenação de Defesa Civil de Belo Horizonte. O homem, de idade não informada, morava em Ocupação Vitória, na Região Norte. Ele teria tentado atravessar o córrego, após ter feito uso de bebida alcoólica, mas caiu nas águas, desaparecendo em seguida. Moradores acionaram o Corpo de Bombeiros, que encontrou o corpo próximo a uma manilha.
Além de Venda Nova, o temporal assolou a região da Pampulha, onde um muro da sede do campestre do Cruzeiro desabou em função da chuva. A rede de telefonia do local também foi afetada no dia considerado o mais chuvoso do ano em Belo Horizonte. Na região de Venda Nova choveu mais de 34% do que era esperado para todo mês. Já na região da Pampulha, o volume de água foi superior a 94 milímetros, cerca de 39% do volume previsto novembro.
Autoridades se manifestam
Pelas redes sociais, o prefeito Alexandre Kalil assumiu responsabilidade pelo episódio. “Não adianta só dizer que o problema tem mais de vinte anos. A responsabilidade é do prefeito, e vamos trabalhar para resolver.” O governador eleito Romeu Zema também se manifestou, lamentando as mortes e citando a necessidade de um trabalho conjunto entre Estados e municípios para evitar novas tragédias.
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