Má condição da estrada leva à suspensão da vacinação contra a Covid-19 em Ibitipoca

Aplicação da dose de reforço, que aconteceria nesta terça-feira, foi cancelada porque equipe não conseguiu chegar ao distrito; população isolada pede solução para o problema


Por Nayara Zanetti, estagiária sob supervisão do editor Eduardo Valente

11/01/2022 às 15h09- Atualizada 11/01/2022 às 16h13

Segundo moradores, apenas carros com tração nas quatro rodas conseguem trafegar, com dificuldade, na LMG-871 (Imagem: Joelson Rodrigues)

A Secretaria de Saúde de Lima Duarte informou, na manhã desta terça-feira (11), que a aplicação da dose de reforço contra a Covid-19 está suspensa no distrito de Conceição do Ibitipoca em razão das más condições da estrada que dá acesso ao distrito. Há mais de uma semana, as fortes chuvas vêm afetando o tráfego na LMG-871, impedindo a entrada e saída de moradores e turistas da vila. Segundo o secretário de saúde de Lima Duarte, Luciano Toledo, a equipe que iria realizar a vacinação em Ibitipoca nesta terça tentou ir até o local, mas não conseguiu. Ainda não há previsões de quando a vacinação será retomada.

O secretário afirmou em entrevista à Tribuna que a decisão de suspender a vacinação foi tomada devido à atual situação das estradas, não apenas daquela que liga Lima Duarte a Ibitipoca, mas também de outros trechos que garantem o acesso a comunidades rurais do município e se encontram intransitáveis.

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Além disso, Luciano ressalta, como fator relevante para a suspensão, o baixo número de pessoas aptas a receber a vacina, já que o número de infectados e pessoas que tiveram contato com esses casos e estão sendo monitoradas na região está alto devido ao surto de Covid-19 registrado em Lima Duarte após as festas de fim de ano.

“Segundo o protocolo, pessoas que testaram positivo devem esperar 30 dias para tomar outra dose do imunizante, e seus contatos devem esperar 15 dias. Mas em geral, a suspensão se deu devido às estradas mesmo”, afirma. Nesta segunda-feira (10), a Prefeitura de Lima Duarte divulgou boletim epidemiológico em que apontava o monitoramento de 159 casos confirmados, além de 116 suspeitas. A Secretaria de Saúde do município informou que o novo calendário para retomar a vacinação será publicado em breve, e que a equipe responsável está reunida elaborando estratégias.

Sem atendimento médico

De acordo com o secretário de Saúde, Luciano Toledo, a médica de Ibitipoca também não conseguiu ir até o distrito nesta terça, e prestou apenas atendimentos remotos. Para que ela possa prestar o atendimento nesta quarta-feira (12), a Secretaria Saúde informou que está mobilizando contatos para viabilizar o trajeto da médica em um helicóptero, caso o acesso da estrada ainda esteja impedido.

O secretário reforçou ainda que a equipe da Secretaria Municipal de Obras, Meio Ambiente, Agricultura e Pecuária está trabalhando na manutenção das estradas. “Entretanto, vivemos um período de grandes chuvas que nos impedem de oferecer melhores condições para comunidade local e turistas transitarem”, diz.

Transtornos preocupam moradores

A moradora de Ibitipoca e conselheira da associação de moradores, Cleusa Maria, estava com a dose de reforço marcada para esta terça-feira, mas não conseguiu completar a imunização no tempo previsto. “A gente fica muito triste, estava contando que viria hoje, fiquei na expectativa até receber a notícia de que a vacina não viria por conta da estrada.”

Porém, a suspensão da dose de reforço é mais um dos inúmeros transtornos causados pelas péssimas condições da estrada. Nesta terça, apenas carros com tração nas quatro rodas conseguem subir, com dificuldade, até a vila. Com isso, Cleusa relata que os moradores estão sem acesso ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), aos bancos e mercados. “Temos que contar com a colaboração dos vizinhos, pois temos contas a pagar e nem todos têm Pix. Há pessoas mais velhas que não têm esse acesso”, afirma Cleusa.

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A moradora da Zona Rural, Ana Paula Diniz, também manifestou sua preocupação com a situação. Há cinco dias, ela não consegue se deslocar do local em que mora – localizado a quatro km da vila – , sendo que na última vez que foi até a vila, o trajeto foi feito todo a pé, pois seu carro não conseguiu subir. “A gente se sente bem largado. Se precisarmos correr em alguma emergência, não tem onde a gente passar”, lamenta a moradora.

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