Venda de sítio da Cachoeira dos Menezes divide opinião de moradores de Chácara

Um dos principais pontos turísticos do município, local será ocupado por empreendimento imobiliário


Por Leticya Bernadete

05/03/2023 às 06h30

Cachoeira fica dentro de sítio vendido para a iniciativa privada (Foto: Luiz Guilherme Cardoso Menezes)

O sítio onde se encontra a Cachoeira dos Menezes, no município de Chácara, foi vendido para um empreendimento imobiliário, e a transação tem dividido a opinião dos moradores. Por um lado, a cidade, distante cerca de 25 quilômetros de Juiz de Fora, poderá ter a visitação de um dos seus principais pontos turísticos limitada por conta da venda, mas, por outro, há expectativas quanto à movimentação da economia local com o novo empreendimento. Tradicional na cidade, a Cachoeira dos Menezes é um espaço histórico de lazer e diversão da população, localizado dentro do terreno vendido. Entretanto, os moradores observam que a segurança no local tem sido prejudicada nos últimos anos, perdendo o aspecto pacato que carregava.

A advogada especialista em direito imobiliário e moradora de Chácara, Larissa Gomes, acredita que a venda do espaço será benéfica ao município, seja pela geração de emprego ou mesmo pelas questões ambientais e de valorização da própria cachoeira. “Tinha episódios de confrontos, brigas. Havia pessoas que entravam lá para aproveitar com família, mas também tinha gente que ia com outros intuitos, como usar drogas. Isso acarretava em acidente nas estradas, por exemplo. Tornando o local da cachoeira em condomínio fechado, com acesso só para moradores ou para a pessoa que adquiriu o terreno, vai selecionar mais as pessoas, tornar o ambiente mais agradável e familiar e preservar questões turísticas e ambientais”, aponta.

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Um comerciante local, que optou por ter a identidade preservada, também aponta que o público que frequenta a cachoeira atualmente é diferente do de anos atrás, quando o lazer no local era mais frequentado pela população local. “A única coisa de lazer que tem na cidade nos finais de semana é a cachoeira, mas, ao mesmo tempo, uma grande parte da população não frequenta mais. Quem frequenta são pessoas de outras cidades”, diz. “Creio que (com a venda do sítio) vai melhorar no sentido de atrair um público mais familiar.”

Além disso, para ele, a possível limitação de acesso à cachoeira não deve impactar o comércio da cidade. Pelo contrário, o investimento deve trazer novas oportunidades. “Vai aumentar a demanda de pedreiro, de servente, de pessoas que vão cuidar das casas. A geração de emprego vai melhorar, não só por mão-de-obra direta, mas para loja de materiais de construção, de alimentação”, prospecta. “Acho que tem os dois lados: o emocional, que a gente vai perder a cachoeira histórica; mas tem o racional, que pode ser que melhore a qualidade de vida das pessoas.” Como destacado pelo comerciante, “o tempo dirá” se a venda do sítio onde se localiza a cachoeira será benéfica ou não para o município.

Outra moradora de Chácara, que também preferiu não se identificar, compartilha da ideia de que a venda tem dois lados: da perda ao turismo e da renovação do local. “É uma pena a gente perder isso, porque pode deixar de ser um ponto turístico. Mas, ao mesmo tempo, não era bem explorado, a gente mesmo não frequentava porque não era mais um ambiente legal. Tinha muita bebida, pessoal que saía carregado, e isso levava a acidente na estrada”, exemplifica.

Sítio pertenceu à família Menezes por 40 anos

Ainda não há previsão de fechamento da cachoeira para a visitação de público, de acordo com um dos antigos proprietários do sítio, Luiz Guilherme Cardoso Menezes. De acordo com ele, a família cuida do local há cerca de 40 anos, e o pai de Luiz tomou a decisão de vendê-lo. A expectativa é de que traga benefícios ao município por meio da geração de impostos e movimentação na economia.

“Muita gente criticou a venda, mas meu pai tem mais de 60 anos e sempre trabalhou cuidando do local. Todo mundo tem que ter um descanso”, explica. “Agora está em boas mãos e vai dar oportunidade pra todo mundo”.

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