Imprensa internacional repercute votação


Por Guilherme Arêas

31/08/2016 às 20h29- Atualizada 31/08/2016 às 20h30

Atenta aos acontecimentos no Brasil, a imprensa estrangeira repercutiu a votação no Senado Federal nesta quarta-feira (31). “O Clarin”, um dos principais periódicos da Argentina, destacou que o Senado destituiu Dilma, mas manteve seus direitos políticos. O jornal disse que este foi o segundo impeachment de presidente ocorrido no Brasil na história recente, mas ressaltou que o ex-presidente Collor foi destituído por acusações de corrupção, enquanto que Dilma foi afastada por “supostas irregularidades fiscais”.

O “New York Times” enfatizou que a queda de Dilma derrubou um dos mais poderosos partidos políticos do hemisfério. A reportagem diz que o impeachment pode não restaurar a confiança pública nos líderes do Brasil ou diminuir a corrupção que permeia a política do país. Ao contrário, diz a matéria, muitos brasileiros notam que a derrubada de Dilma transfere o poder de um partido marcado por escândalo para outro.

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O jornal britânico “The Guardian” lembrou que Dilma “terminou sua presidência esta semana com corajosas 14 horas de defesa” no Senado, cumprindo sua promessa de “lutar até o fim pelos 54 milhões de eleitores que a colocaram no poder”.

Em sua análise, o diretor adjunto do espanhol “El País”, David Alandete, disse que a queda de Dilma não encerra uma crise, mas abre outra “muitíssimo maior”. O jornalista adverte que o governo de Michel Temer terá que enfrentar dois anos marcados por crises institucionais, corrupção e a pior recessão da história do país.

O francês “Le Monde” abriu uma de suas reportagens dizendo que a dramatização da queda de Dilma, “a denúncia de um ‘golpe’ ameaçando a jovem democracia brasileira, sua guerrilha passada, seu sofrimento e a resistência à tortura durante a ditadura militar não asseguraram a mansidão de seus juízes”.

O analista político dos países latinos da rede britânica BBC, Daniel Gallas, escreveu que o processo de impeachment levantou várias questões sobre as instituições democráticas no Brasil. “Senadores – e brasileiros – sabiam que a questão de condenar a sra. Rousseff foi além de apenas tecnicamente decidir se ela era culpada ou não”.

A rede de televisão CBS news afirmou que a decisão do Senado brasileiro “culmina a luta de um ano que paralisou a economia mais poderosa da América Latina e expôs fendas profundas” entre todos os setores da sociedade do Brasil, desde as relações raciais até as decisões sobre gastos sociais.

 

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