Marcus Pestana descarta candidatura à Prefeitura de JF

Ex-deputado era visto como opção pelo PSDB após prefeito Antônio Almas desistir de tentar a reeleição


Por Renato Salles

28/08/2020 às 15h46- Atualizada 28/08/2020 às 19h50

Sondado pelo PSDB como uma opção para disputar a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) após a desistência do prefeito Antônio Almas (PSDB) em tentar a reeleição, o ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) declinou publicamente o convite e descartou a empreitada eleitoral. A decisão foi informada em primeira mão em entrevista às equipes da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora na manhã desta sexta-feira (28). Segundo Pestana, vários fatores pesaram para que ele abrisse mão de encabeçar o projeto tucano, entre eles, questões familiares e profissionais. Também jogou contra o atual momento de desgaste da classe política aos olhos da sociedade.

Ao tomar uma decisão de cunho pessoal, Marcus Pestana fez questão de ressaltar sua compreensão com relação à resolução de Antônio Almas, também de cunho íntimo, de não disputar a reeleição. No último dia 12, o prefeito convocou uma entrevista coletiva em que confirmou que estaria fora da disputa, apontando o comportamento virulento de algumas pessoas no ambiente virtual como razão de grande desconforto, o que colaborou para a definição. A despeito do respeito pela escolha de Almas, Pestana considerou que o prefeito “deixou o PSDB em uma situação bastante delicada”.

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“O prefeito Almas teve uma postura muito corajosa ao conduzir a cidade em um momento difícil e nesta pandemia. Mas politicamente cometeu um erro com o PSDB”, afirmou. Segundo o ex-deputado, ele conversou com o prefeito ainda em dezembro do ano passado, quando destacou a necessidade de se fortalecer as bases do partido para a apresentação de uma chapa de candidatos a vereador consistente e também um plano B para a disputa da Prefeitura, o que, para a Pestana, não aconteceu.

Neste cenário, ao sair de cena, o ex-deputado não sinalizou ao partido sobre quais caminhos deverão ser seguidos, deixando a decisão a cargo do diretório municipal da sigla. “A cidade está em uma crise profunda e precisa de alguém que saiba liderar, mas que tenha experiência para fazer reformas. Se não fizer uma reforma administrativa e previdenciária, a cidade caminha para um estrangulamento e um cenário pior do que o que já temos”, avaliou.

Tucanos ainda buscam um caminho

Com este diagnóstico, Marcus Pestana disse que procurou opções para costurar nomes que poderiam ter o apoio do PSDB na disputa pela Prefeitura, mas as conversas não vingaram. “O PSDB ficou em um beco sem saída, pois não preparou um plano B.” Todavia, o ex-deputado defendeu que o partido busque uma solução e sondou brevemente a possibilidade de composições com outras siglas, como o MDB, lamentando o fato de quadros tucanos, como o ex-vereador José Laerte Barbosa e o superintendente do Procon-JF, Eduardo Schroeder, estarem inelegíveis por não terem se desincompatibilizado de suas funções públicas no prazo eleitoral.

Assim, Pestana diz ter buscado soluções para o PSBD na sucessão municipal em outras hostes. Revelou ter conversado com dois vereadores – cujos nomes foram mantidos em sigilo – e com vários empresários. Procurou também os ex-deputados estaduais Antônio Jorge (Cidadania) e Isauro Calais (MDB). Tentou ainda uma possível aproximação com um projeto encabeçado pelo deputado estadual Noraldino Júnior (PSC), que ainda não confirmou seu ingresso na disputa, mas interlocutores – como o próprio Pestana – sinalizam que o parlamentar teria desistido de tentar a PJF. Sem avanços, o PSDB ainda não definiu seu futuro.

Ex-deputado revela ‘decepções’

Marcus Pestana contou ainda que com sua decisão de não disputar a Prefeitura, contrariou não os anseios de lideranças tucanas locais, mas também a aprovação de líderes partidários no âmbito nacional, como o presidente nacional da sigla, o ex-ministro Bruno Araújo, e o deputado federal Paulo Abi-Ackel, que preside o diretório estadual tucano em Minas Gerais. “Eles me ofereceram todas as condições. Não teria problemas de estrutura e de financiamento de campanha”, revelou.

Contudo, outros fatores pesaram para a desistência. O ex-deputado revelou, inclusive, que guarda algumas decepções pessoais com a cidade. Neste sentido, Pestana fez uma defesa pública da história de seu pai, o ex-prefeito Agostinho Pestana, que governou Juiz de Fora entre 1971 e 1973 e foi responsável por obras voltadas à mobilidade urbana e lazer, como a abertura do tráfego na Garganta do Dilermando, a abertura do Bairro Bomba de Fogo e a construção da praça do Bairro Bom Pastor.

“Meu pai foi um grande prefeito. Morreu há dez anos e, até hoje, a cidade nunca homenageou a sua memória. É a primeira vez que falo isso”, afirmou. Pestana disse ainda que, hoje, o pai nomeia apenas uma unidade de saúde, no Nova Era. Curiosamente nesta sexta, a Câmara aprovou um projeto de lei que batiza uma escola municipal de educação infantil a ser construída no Bairro Marilândia com o nome Prefeito Agostinho Pestana.

O ex-deputado também fez uma defesa de seu histórico como ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde. “Encaminhei para a cidade mais de R$ 150 milhões de investimento como secretário de Saúde”, destacou, lembrando ainda o baixo desempenho eleitoral que obteve nas eleições passadas, quando tentou a reeleição para mais um mandato na Câmara dos Deputados. “Tive sete mil votos em 2018. Isso me deu um recado.” Pestana acabou com a primeira suplência.

Nesta mesma eleição, pestana ficou na primeira suplência da sigla e, em agosto do ano passado, teve a oportunidade de retornar ao Congresso na vaga do deputado Bilac Pinto, que se licenciou do mandato para assumir a Secretaria de Estado de Governo do governador Romeu Zema (Novo).

“Não quis assumir o mandato. Dei uma guinada para a iniciativa privada. Se estivesse morando em Juiz de Fora e voltasse a dar aula na universidade aceitaria (disputar a PJF). Neste momento, seria irresponsabilidade com minha esposa e minha família. Se fosse algo planejado, eu toparia. Me sinto preparado”, considerou o ex-deputado, que mora em Brasília.

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Correndo por fora

Dentro do partido, o ex-conselheiro tutelar Laurindo Rodrigues tem afirmado publicamente que se coloca como opção da sigla para a disputa da PJF. Pela indicação, ele tem ressaltado seu histórico partidário e se diz preparado para o desafio. “Sou filiado há mais de 28 anos, com uma vida dedicada ao partido, sempre participando das decisões importantes”, afirmou à reportagem, também nesta sexta. “Estou à disposição do partido, temos muito a mostrar do trabalho do PSDB em Juiz de Fora.”

PSDB busca solução caseira para disputa pela PJF

Presidente do diretório municipal do PSDB em Juiz de Fora – e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária da PJF -, Lúcio Sá Fortes afirmou à Tribuna na noite desta sexta-feira que o partido seguirá trabalhando para ter candidatura própria, embora reforce que uma composição não está descartada.

“O nosso plano ainda é ter candidatura própria. Mas não quero falar em nomes neste momento, para evitar cometer injustiça e esquecer de citar algum quadro”, afirmou. Lúcio disse ainda que o ex-conselheiro tutelar Laurindo Rodrigues é visto como uma alternativa para uma solução caseira, mas que ainda não é possível falar em nomes. As conversas podem avançar na próxima segunda-feira (31), em reunião da executiva municipal tucana.

Da mesma forma, sobre a possibilidade de uma composição, a liderança partidária fez a mesma consideração, destacando que uma manifestação é precoce, “apesar do tempo curto” para uma decisão. Sobre a definição do ex-deputado Marcus Pestana de não se lançar candidato à Prefeitura após ter sido sondado pela legenda, Sá Fortes afirmou respeitar a decisão e destacaou que não faltou “transparência” e “lealdade” a Pestana durante as conversa.

“Compreendemos e respeitamos a decisão dele. Mas também lamentamos, pois é um nome pronto para ser candidato, que conhece os problemas da cidade”, afirmou.

Tópicos: eleições 2020

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