Custódio e Pestana negam teor de delação de Marcos Valério

Os supostos repasses teriam ocorrido quando o senador Aécio Neves (PSDB) cumpria o primeiro mandato como governador de MG


Por Tribuna

26/07/2017 às 19h15- Atualizada 27/07/2017 às 14h48

Políticos de Juiz de Fora teriam recebido recursos via caixa 2 através da empresa DNA Propaganda

O deputado federal Marcus Pestana (PSDB) afirmou se tratar de “um total absurdo” o teor da delação do publicitário Marcos Valério, que o apontou como suposto beneficiário de recursos ilícitos que seriam usados em caixa dois de campanha eleitoral. O também tucano e ex-prefeito Custódio Mattos, citado na mesma delação, disse desconhecer “completamente o fato narrado por Marcos Valério”. Ele teria sido beneficiário do esquema durante a eleição de 2004.

Os supostos repasses teriam ocorrido quando o senador Aécio Neves (PSDB) cumpria o primeiro mandato como governador do Estado (2003-2010) e Pestana ocupava o cargo de secretário de Estado da Saúde, enquanto Custódio era candidato à Prefeitura de Juiz de Fora. Em 2004, ele perdeu as eleições para Carlos Alberto Bejani.

PUBLICIDADE

De acordo com a denúncia de Marcos Valério, que teve trechos divulgados esta semana pelos jornais “Hoje em Dia” e “O Tempo”, ambos de Belo Horizonte, ele teria usado a empresa DNA Propaganda, de sua propriedade, para repassar recursos via caixa dois a Pestana, por ser o titular da pasta, e a Custódio, “pois o secretário apoiava a eleição, pois era a sua terra”. O valor do montante supostamente transferido não foi citado.

Ambos os citados falaram com a Tribuna na tarde de ontem. Pestana disse, em nota, que a denúncia “é um total absurdo. Uma mentira absoluta de um condenado pela Justiça que se encontra preso e não possui nenhuma credibilidade”. Para Pestana, o único objetivo de Valério é “tentar atenuar as penas pelos crimes que cometeu, inventando mentiras sobre pessoas de bem a serviço de objetivos subalternos e obscuros”.

O tucano afirmou ainda nunca ter encontrado com Valério enquanto secretário de Saúde, acrescentando que a pasta não mantinha contrato com sua empresa e nem gerenciava faturas. “O Ministério Público jogou no lixo esta tentativa de delação de tão inconsistente e mentirosa. Tenho 35 anos de vida pública, sem uma única mancha ou processo em Juiz de Fora.”

Por telefone, Custódio afirmou desconhecer inteiramente os fatos narrados e afirmou jamais ter recebido recursos de campanha ligadas ao delator. “Nunca tive contato com Marcos Valério, nem menos com pessoas ligadas a ele. Ouvi falar dele, pela primeira vez, no escândalo do mensalão.”

Homologação em análise
A delação de Marcos Valério chegou a ser entregue ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em fevereiro, mas foi rejeitada. No último dia 6, no entanto, a delação foi acolhida pela Polícia Federal, que solicitou homologação no Superior Tribunal Federal (STF), já que alguns nomes citados têm foro privilegiado.

O publicitário cita ainda mais 12 nomes, entre políticos e ocupantes de cargos públicos. Marcos Valério ficou conhecido em todo o país como operador financeiro do mensalão do PT. Por este crime, já condenado, ele cumpre prisão na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), de Sete Lagoas.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.