Margarida e Wilson entram na semana final de campanha em JF
Em sabatinas feitas pela Tribuna, candidatos defendem modelos de gestão distintos, que devem ser colocados frente a frente
Após a apuração dos votos do primeiro turno, as peças já estão postadas no tabuleiro. Em sete dias, teremos a jogada final. Assim, no próximo domingo, conheceremos quem será a futura prefeita ou o futuro prefeito de Juiz de Fora: a deputada federal Margarida Salomão (PT) ou o empresário Wilson Rezato (PSB).
De agora em diante, a sucessão municipal entra em sua reta decisiva, em uma semana que promete muitos enfrentamentos entre os candidatos. Vários debates estão agendados para os próximos dias, como o encontro que será realizado na próxima quinta-feira (26) pelo grupo Solar de Comunicação em parceria com a UniAcademia. A expectativa é de um clima quente, com as candidaturas colocando suas diferenças frente a frente e ao escrutínio do eleitorado.
Após uma primeira semana mais morna, em que a disputa por possíveis apoios marcou o tom dos dias que sucederam à apuração do primeiro turno, os embates de propostas devem se intensificar. Dois fatores em especial devem contribuir para isso. Um deles é que, desde a última sexta-feira, teve início a propaganda eleitoral de rádio e TV. O segundo tem por base o acirramento dos ânimos após declarações feitas por Wilson em entrevista à CBN Juiz de Fora, sobre sua adversária, que levou a campanha de Margarida a, inclusive, interpelar o empresário no âmbito da Justiça Eleitoral.
Ponto principal da primeira semana de campanha, as sabatinas realizadas pelas equipes da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora mostraram duas campanhas com tons bastante distintos. Primeira a ser entrevistada na quarta-feira, Margarida Salomão bateu na tecla de um dos seus principais motes de campanha e defendeu um modelo de gestão para todos e todas. Já Wilson Rezato reforçou a argumentação de que é um bom gestor, fazendo referências a sua trajetória de vida e na experiência na iniciativa privada no ramo da construção civil.
Durante a sabatina, os dois defenderam que têm a intenção de ajudar as pessoas. Porém, colocaram como solução modelos de gestão e propostas distintas. De um lado, Margarida sinalizou um governo com maior participação popular e partilha nas decisões de poder com a população. De outro, Wilson afirmou que caberá a ele tomar as decisões administrativas, referendadas por especialistas nas variadas áreas de atuação do município.
Tais diferenças tendem a se acentuar ao ser confrontadas ao longo da semana, o que garantirá ao eleitor a possibilidade de avaliar as propostas e os perfis dos dois candidatos, cujas posições contrárias devem ser ainda mais evidenciadas até o pleito de domingo.
Margarida tem apoio de três candidatos do 1.º turno; mais votadas ficam neutras
Com relação aos apoios, as duas outras candidatas que tiveram votações mais significativas no primeiro turno, a delegada licenciada da Polícia Civil Ione Barbosa (Republicanos) e a deputada estadual Sheila Oliveira (PSL), optaram por permanecer neutras no segundo turno da campanha pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF).
A primeira anunciar que não apoiaria nem Margarida nem Wilson foi Sheila, que ficou na quarta posição e computou pouco mais de 26 mil votos. Assim como seu partido, o PSL, a parlamentar afirmou que não irá apoiar nenhum dos dois candidatos envolvidos na disputa do segundo turno por estes representarem legendas “de esquerda”.
Na sexta-feira (20), foi a vez de Ione se posicionar pela neutralidade na disputa do segundo turno. De acordo com a delegada, que obteve quase 57 mil votos no último domingo (15), a escolha se deu em respeito ao posicionamento que manteve durante sua campanha eleitoral, de “independência crítica”. “O meu projeto é diferente dos dois. Portanto, nós resolvemos ter esse posicionamento coerente com minha campanha inteira, que foi de independência e autonomia”.
Abaixo dos 5 mil votos
Das candidaturas com desempenho eleitoral mais acanhado, abaixo dos cinco mil votos, o pastor Aloízio Penido (PTC) foi outro que declarou neutralidade no segundo turno da sucessão do prefeito Antônio Almas (PSDB). O Democracia Cristã (DC), que lançou como candidato à PJF o engenheiro Eduardo Lucas (DC) também decidiu não apoiar nenhum dos dois candidatos que avançaram e seguiram na disputa. O general da reserva Marco Felício (PRTB) e a professora e sindicalista Vitória Mello (PSTU) não fizeram explanações públicas em suas redes manifestando suas posições no segundo turno da disputa.
Apoio à Margarida
Outros três candidatos envolvidos na disputa do primeiro turno manifestaram apoio à candidatura da deputada federal Margarida Salomão. O trio é formado pelo servidor público federal Fernando Elioterio (PCdoB); pela professora e sindicalista Lorene Figueiredo (PSOL); e pelo advogado Marcos Ribeiro (Rede).
PT e PSB aportam mais recursos nas campanhas em Juiz de Fora
Tão logo terminou o segundo turno, com a confirmação do avanço de Margarida e de Wilson ao segundo turno da corrida pela Prefeitura de Juiz de Fora, PT e PSB já fizeram novos aportes financeiros nas campanhas dos dois candidatos. Em ambos os casos, as transferências foram feitas a partir do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), fundo de mais de R$ 2 bilhões mantido com dinheiro público e disponibilizado aos partidos conforme o número de representantes eleitos para a Câmara e para o Senado nas eleições de 2018.
No caso do PT, a transferência aportada na campanha do segundo turno de Margarida foi de R$ 500 mil, em repasse feito pela direção nacional da sigla. Já a candidatura de Wilson recebeu R$ 250 mil, também via transferência realizada pela direção nacional do PSB. Com a chegada dos novos valores, os candidatos já arrecadaram, até aqui, montante de recursos bastante parecidos. Nos dois turnos de disputa, em números arredondados, os dois contam com um total de receitas próximo de R$ 1,6 milhão. No caso, Margarida cerca de R$ 40 mil a mais que Wilson.
Como já demonstrado pela Tribuna, os dois candidatos têm perfis arrecadatórios distintos. Basicamente, Margarida conta com recursos das transferências partidárias do PT, a partir do fundo especial e do fundo partidário, que totalizam pouco mais de R$ 1,5 milhão – 94% do total arrecadado. No caso Wilson Rezato, o aporte de verbas que tiveram como origem dinheiro público do fundo eleitoral soma R$ 36 mil (23% do total).
Os recursos financeiros se mostram menos expressivos ante às doações feitas por pessoas próximas e ligadas à empresa do candidato, que já deram R$ 881 mil para a campanha de Wilson (57% do total). O candidato colocou R$ 320 mil do próprio bolso para o financiamento de seu projeto de chegar à PJF.
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