‘A nossa campanha tem como eixo político o direito à cidade’, diz Margarida

A candidata petista reabriu a série de sabatinas “Voto & Cidadania”, do Grupo Solar de Comunicação, com os candidatos à PJF no segundo turno


Por Gabriel Ferreira Borges

18/11/2020 às 20h41- Atualizada 18/11/2020 às 20h52

Líder do primeiro turno com 39,46% dos votos do eleitorado, a candidata à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) Margarida Salomão (PT) foi, nesta quarta-feira (18), a primeira entrevistada da segunda etapa da sabatina “Voto & Cidadania”, conduzida pela Tribuna e pela Rádio CBN de Juiz de Fora nesse segundo turno. Em uma hora de entrevista, a deputada federal reforçou a intenção de estabelecer um planejamento territorializado para o Município caso eleita seja, bem como a formação de um secretariado paritário sob a perspectiva de gênero. A petista sinalizou ainda que retomaria as aulas da rede municipal de ensino apenas em caso de imunização contra a Covid-19, mas, por outro lado, ressaltou que são necessários protocolos sanitários específicos para o pleno funcionamento de cada um dos setores produtivos em meio à pandemia.

Desenvolvimento inclusivo

Questionada sobre o que a diferencia do adversário Wilson Rezato (PSB), Margarida apontou que a concepção de cidade, uma vez que compreende Juiz de Fora como uma “riqueza comum”. “A nossa campanha tem como um eixo político o direito à cidade de todos e todas as pessoas de Juiz de Fora. (…) Em primeiro lugar, vamos ter uma proposta de desenvolvimento inclusiva para todos. Não basta simplesmente produzirmos mais riqueza. É preciso que as pessoas partilhem essa riqueza que venhamos a produzir. Por outro lado, o direito à cidade é também o direito à voz, de os cidadãos e das cidadãs participarem efetivamente dos rumos da PJF. O que temos definido no nosso programa de governo é um processo de planejamento territorializado com a participação da população que mora naquele local sobre o seu dia a dia, sobre a sua vida.”

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Outorga onerosa

Sobre a outorga onerosa (taxa extratributária que os proprietários de imóveis devem pagar à Administração municipal para construir e ampliar o uso do solo acima do coeficiente permitido na lei), a candidata considera não somente o instituto interessante, como também outras disposições previstas no Estatuto das Cidades. “Temos no Brasil uma das mais avançadas legislações urbanas do mundo (…). Esse foi o grande movimento de reforma urbana que veio com a Constituinte e se desenvolveu ao longo da década de 1990, produzindo o Estatuto da Cidade. O grande problema é que se exigia para a sua implementação a regulamentação municipal. E nós não tivemos isso. A outorga onerosa e o IPTU progressivo são institutos interessantes previstos no estatuto, assim como a regularização fundiária, um dos problemas enormes de Juiz de Fora, o que é inadmissível.”

A candidata petista reabriu a série de sabatinas “Voto & Cidadania”, do Grupo Solar de Comunicação, com os candidatos à PJF no segundo turno (Foto: Leonardo Costa)

Tom da campanha

Dando tom à campanha de segundo turno, Margarida iniciou a agenda externa justamente nesta quarta. Antes de conceder a entrevista, a candidata se reuniu com lideranças negras, e, posteriormente, com produtores rurais. À noite, visitou os bairros Industrial, Jóquei Clube I e Santa Cruz. Perguntada se priorizaria o eleitorado periférico em segundo turno, a petista salientou que conversará com “todo mundo”. “A periferia é onde mora grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras negras. Então, é lógico que se você quer ter uma cidade em que tudo é para todos, temos que contemplar essa parte da cidade, porque ela é a menos beneficiada e a que requer de fato a intervenção de políticas públicas. Não é o caso de que nós, neste momento, estejamos priorizando a periferia. No primeiro turno, também fizemos uma peregrinação por mais de 60 bairros. Contudo, temos também agendados outros compromissos com lideranças empresariais.”

Planejamento regionalizado

No que diz respeito ao enfrentamento à pandemia de Covid-19, Margarida admitiu a esperança com as vacinas em estágio final de testes, mas destacou a necessidade de construir soluções sanitárias para cada segmento da cadeia produtiva. “Nos lugares do mundo em que o combate à pandemia se fez com mais eficiência, foi feita uma regionalização de esforços, ou seja, protocolos por setor. Eu garanti às lideranças dos setores de eventos e entretenimento que trabalharemos de tal modo a produzir um protocolo que seja relevante para essa situação, porque um protocolo para a área de eventos é diferente do protocolo para o comércio. (…) Tenho defendido que o planejamento seja regionalizado. Se tivermos um bairro em que haja incidência muito mais elevada da pandemia, adotaremos medidas de combate naquele local.”

Aulas municipais apenas após vacina

Margarida ainda descartou a retomada de aulas da rede municipal de ensino enquanto não houver uma política de imunização estabelecida. “A rede municipal de ensino é outro processo. Vamos ter que reconstruir (o ano). Neste ano, funcionamos de outra forma, muito penosa, inclusive, tanto para as famílias, quanto para crianças e para profissionais de educação. (…) Acho que a escola não tem como voltar enquanto não tivermos vacinação. A escola é um lugar de aglomeração. Uma escola pequena tem 30 crianças mais o professor. E as salas de aula não são feitas com espaço. Não temos escola para manter o distanciamento”, apontou. Inclusive, a petista sinalizou a possibilidade de adotar o rastreio de contatos. “Vamos tentar fazer o rastreamento, o que naturalmente vai demandar recursos. Mas acho que é o mais racional. É o que todo mundo fez.”

Secretariado paritário

Além de ter confirmado o apoio do PSOL e do PCdoB à própria candidatura no segundo turno, Margarida ainda admitiu um encontro com a candidata Ione Barbosa (Republicanos) na última terça – terceira colocada com 56.669 votos (21,83%). Entretanto, a petista não sinalizou qualquer acordo. “As conversas que tenho feito são de altíssimo nível, como as com a Ione e com o (João Baptista) Barbosa Júnior, que é o seu esposo. Eu estava com o nosso companheiro, ex-presidente do PT Rogério de Freitas. Tivemos uma conversa muito cordial, muito respeitosa, e disse a Ione que, é claro, a mim interessa se ela se dispuser a fazer um apoio público. Mas, de todo modo, a coisa importante foi reconhecer a bela campanha que ela fez, a expressividade política da sua candidatura e tê-la, portanto, como interlocutora, eu vindo a ser prefeita de Juiz de Fora.”

Por outro lado, a deputada federal voltou a reafirmar o compromisso, já anunciado na sabatina do Grupo Solar no primeiro turno, de ter um secretariado paritário. Contudo, novamente, tergiversou quando contestada se já havia algum nome definido, embora tenha desmentido que traria para o Município correligionários petistas importantes a nível nacional. “Hoje, por circunstâncias da minha vida, por ter sido reitora, por ser pesquisadora e deputada federal, tenho excelentes relações no Brasil inteiro com quadros qualificadíssimos. (…) Mas nós podemos fazer um secretariado paritário de gênero, com uma participação importante de negros e negras de Juiz de Fora. Os melhores quadros possíveis. Vocês sabem que sou botafoguense e se lembram como o João Saldanha fez para ganhar o tricampeonato escalando um time de feras. Para trabalhar comigo, tem que ser fera. E assim vão ser todas essas pessoas.”

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Agenda

Nesta quinta-feira, Margarida deve visitar o Bairro Bandeirantes, região Nordeste, pela manhã, além ir ao encontro de empresários e indústrias. Posteriormente, à tarde, a candidata deve se reunir com lideranças comunitárias e políticas. Em seguida, está agendada uma entrevista à Rádio Cidade. À noite, por fim, Margarida deve participar de transmissão ao vivo com Lorene Figueiredo (PSOL) e Fernando Elioterio (PCdoB), candidatos dos respectivos partidos à PJF durante o primeiro turno.

Tópicos: eleições 2020

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