Júlio Delgado pode ser investigado na Lava Jato


Por Renato Salles

18/09/2015 às 20h01- Atualizada 18/09/2015 às 20h02

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Foto: Fernando Priamo

O deputado federal juiz-forano Júlio Delgado (PSB) poderá ser alvo de um inquérito para apurar supostas irregularidades surgidas no âmbito da Operação Lava Jato. Proferida no início do mês, a decisão é do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, que autorizou a abertura de investigações a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), com base na delação premiada de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC. Pessoa é suspeito de comandar um cartel de empresas que atuava junto à Petrobras. Segundo matéria publicada pela revista “Veja”, em junho, 18 políticos foram citados pelo empreiteiro como beneficiários de um esquema de propina. Um dos nomes da lista é o de Júlio Delgado, que, supostamente, teria recebido R$ 150 mil.

Em contato feito pela Tribuna no início da noite desta sexta (18), Júlio disse estar sereno e seguro de sua inocência no caso. “Já disse isso em junho: não tenho qualquer envolvimento. Fiz minha defesa na cara dele (Ricardo Pessoa), e ele não teve coragem de responder”, afirma o parlamentar, lembrando sua participação no depoimento prestado pelo empreiteiro à CPI da Petrobras. Na ocasião, o juiz-forano afirmou que se encontrou com Pessoa uma única vez, acompanhado do então presidente do PSB de Belo Horizonte, João Grossi, para pedir doações ao partido. Os R$ 150 mil citados pelo empreiteiro teriam sido depositados na conta do diretório estadual da legenda e utilizados em 16 campanhas para deputado federal e estadual da sigla em Minas Gerais, durante o processo eleitoral de 2010.

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“Perguntei a ele que contrapartida ofereci a troco da doação, e ele permaneceu calado”, reforça Júlio. Após o depoimento, o juiz-forano, que integrava a CPI da Petrobras, afastou-se da comissão. A decisão foi anunciada ainda em junho, mês em que vazaram os nomes citados por Ricardo Pessoa em sua delação premiada, a qual Júlio classificou como um esforço para intimidar os trabalhos da CPI. “Fiz isso como um gesto e sugeri que todos os que tivessem sido citados se afastassem.” Na ocasião, o deputado afirmou que sua saída ocorreria tão logo o empresário fosse ouvido pelos parlamentares, e ainda colocou à disposição a quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico.

Sobre a preparação de sua defesa, Júlio afirmou que ainda não se preparou e sequer havia sido notificado da decisão de Zavascki. Por outro lado, o deputado comemorou ainda o bom desempenho em votação realizada pelo Congresso em Foco, que ouviu mais de 180 jornalistas que acompanham o cotidiano da Câmara dos Deputados. “Fui o único de Minas Gerais a estar presente na lista dos dez parlamentares melhor avaliados. Isso mostra que estou no caminho certo. Tenho plena consciência de minha total inocência. Estou muito sereno”, reforçou.

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