Zema quer parceria privada para conclusão de Hospital Regional

Governador eleito sinaliza que organizações sociais ou filantrópicas podem assumir conclusão de obras e operação do aparelho de saúde; em contrapartida, pelo menos 60% dos leitos devem ser destinados ao SUS


Por Renato Salles

16/12/2018 às 07h00

Governador eleito por Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) defende a parceria com entidades privadas e do terceiro setor em busca de uma solução para o imbróglio que se tornou a construção do Hospital Regional de Juiz de Fora. As obras do aparelho de saúde que está sendo erguido no Bairro São Dimas já se arrastam desde desde 2010. Em entrevista exclusiva à reportagem concedida na semana passada, Zema reiterou o objetivo de buscar acordo com entidades sociais ou filantrópicas, que poderiam assumir a conclusão das obras e a gestão da unidade. Em contrapartida, caso o modelo sugerido avance em sua gestão, parte dos leitos devem ser disponibilizados para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Passados quatro anos, no mesmo local, área vizinha já é ocupada por shopping e loja de departamento, enquanto hospital ainda não está pronto (Foto: Fernando Priamo)

“A nossa proposta é a de buscar parceria com alguma instituição, preferencialmente com uma organização social ou filantrópica. Temos várias em Minas que já operam hospitais e fazem hoje ótimos trabalhos. Pretendemos que alguma destas organizações venha a concluir a obra – ou talvez o Estado contribua com alguma coisa para esta conclusão. Depois de concluído, que o hospital passe a operar como um hospital filantrópico ou social, em que pelo menos 60% dos leitos sejam destinados ao SUS”, detalhou o futuro governador.

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Zema afirmou ainda que já visitou o atual canteiro de obras onde está sendo erguido o Hospital Regional, considerando até que as atuais estruturas já construídas se encontram em fase avançada. A despeito disto, afirma que uma parceria com a iniciativa privada ou com o terceiro setor se justifica pela necessidade do aparelho de saúde e pela crise financeira enfrentada por Minas Gerais. “A nossa meta é agir neste sentido. O Estado não tem recursos para concluir a obra e menos ainda de operá-lo. Minas Gerais hoje é um estado que está em situação de falência”, pontuou.

Para o governador eleito, a mudança do modelo de gestão do hospital é necessária para viabilizar o investimento e garantir que “a população de Juiz de Fora e região passe ser melhor atendida no que diz respeito a questões da saúde”. Segundo ele, tal formato não foi sugerido anteriormente por opção política dos gestores. “É uma forma que nunca agradou a classe política, pois eles gostam muito de dizer que a obra foi concluída por eles e depois usar esta mesma obra para distribuir empregos para seus partidos políticos. Meu objetivo é disponibilizar para a população que precisa um hospital que faz muita falta.”

Histórico
O anúncio da construção do Hospital Regional foi feito ainda em 2008 pelo então governador Aécio Neves (PSDB), atual senador e que vai assumir um mandato na Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2019. Os trabalhos começaram em 2010, e, de lá para cá, já tiveram a caneta de governador em suas mãos o senador Antonio Anastasia (PSDB), o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PPS) e o atual chefe do Executivo estadual, o governador Fernando Pimentel (PT). Pela Prefeitura, desde o início dos trabalhos passaram os ex-prefeitos Custódio Mattos (PSDB) e Bruno Siqueira (MDB) e o atual prefeito, Antônio Almas (PSDB).

Economia regional será fomentada com desburocratização

Na entrevista, Romeu Zema também abordou outro tema que é recorrentemente demandado pela população de Juiz de Fora e região: a adoção de ações para a retomada do desenvolvimento econômico da Zona da Mata. Segundo o governador eleito, não haverá, em um momento inicial, um planejamento regional específico, mas o fortalecimento da economia local pode ser alcançado com iniciativas que serão utilizadas para fomentar investimentos em todo o estado.

“Vamos fazer ações que vão beneficiar todo o estado e não só a Zona da Mata. Quero que Minas, ao invés de ter a legislação tributária mais complexa do Brasil, passe a ter a mais simples. Queremos simplificar os procedimentos de abertura e de fechamento de empresas e de prestação de contas que hoje são extremamente complexos. Vamos também agilizar as questões de alvarás e licenças ambientais e sanitárias. Desta maneira, tenho certeza de que Minas, ao invés de ser um inimigo de quem investe, produz e gera empregos, passará a ser um estado mais amigo de quem faz isto. Com toda certeza, isto ajuda a atrair investimentos”, avaliou Zema.

Contudo, ações específicas para fomentar a economia da Zona da Mata podem acontecer em um segundo momento da gestão, que se inicia partir de janeiro de 2019. “Vamos também estudar as especificidades de cada região do estado para complementar estas ações mais gerais. O que queremos é ajudar a fazer com que pessoas, que acabam desanimando devido a todas as dificuldades, levem seus projetos adiante”.

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Parceria com a União
Sobre os esforços de Juiz de Fora para afiançar a chegada da empresa M. Dias Branco na cidade, Zema afirmou que deve buscar apoio do Governo federal para garantir a viabilização de intervenções de infraestrutura, como um acesso viário à BR-040, considerado necessário para garantir o investimento. Inicialmente, a chegada da empresa na cidade previa o aporte de R$ 300 milhões, investimento que pode ser reavaliado após a compra da Piraquê por parte da M. Dias Branco. “Vamos procurar o Governo federal e ver como ele pode ajudar. Sei da importância disto. Vamos depender da União. Lembramos que estamos tendo um ótimo diálogo. O nosso alinhamento na parte econômica tem sido de 100%. Aquilo que vamos fazer em Minas é o que o governo Bolsonaro (do presidente eleito Jair Bolsonaro, PSL) pretende fazer em nível federal”, projetou o governador.

Tópicos: saúde

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