Sem julgamento no TSE, Lacerda mantém presença em debate
PSB impetrou mandado para inviabilizar o nome do candidato na disputa; proposta é apoiar a reeleição de Pimentel (PT) e ter o ex-prefeito de BH como concorrente ao Senado
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) irá julgar o mandado de segurança impetrado pela direção nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) para impugnar a candidatura de seu representante ao Governo de Minas, Marcio Lacerda. A previsão era de que o julgamento ocorresse nesta quinta-feira (16), mas a sessão foi encerrada sem que o pedido entrasse na pauta. Em entrevista à Tribuna, o presidente estadual do partido, Renê Vilela, afirmou que o principal motivo para a impugnação está no “desacato” do candidato à resolução votada no Congresso Nacional do PSB, realizado em março. Na ocasião, teriam sido definidas as alianças partidárias para as eleições 2018. Nesta definição, PSDB, MDB e DEM ficaram de fora. No entanto, na quarta-feira (15), Lacerda registrou junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a chapa “Minas tem jeito”, na qual tem o candidato Adalclever Lopes (MDB) como vice.
De acordo com Renê, a atitude do partido objetiva, exclusivamente, garantir as regras que foram deliberadas e acordadas de forma coletiva. “Não temos a intenção de prejudicar o Marcio, mas é preciso que haja fidelidade e coerência com as diretrizes do partido. É uma regra impessoal”, diz. “A candidatura não deve ser um projeto individual. O PSB é um partido nacional, de médio porte, que possui a sexta bancada federal.” Ele confirma que a proposta para o Governo de Minas é apoiar a reeleição de Fernando Pimentel (PT). “O estado tem muitos problemas, ocorridos no governo atual e em outros anteriores. Não seria com uma aliança com o MDB que Marcio aprovaria as mudanças que são necessárias.”
Na avaliação de Renê, o MDB é hoje o principal adversário político do PSB. “O MDB de Minas representa o que há de mais conservador no partido, e tem uma liderança nacional que é contra as nossas convicções. O perfil do eleitorado desses deputados é muito diferente do nosso. Nós não iremos nos coligar. O MDB de Minas foi a linha de frente da eleição de Eduardo Cunha”, dispara. Ele afirma que a proposta de Lacerda se candidatar à segunda vaga do Senado pela coligação do partido está mantida. A primeira é destinada à Dilma Rousseff. “Sabemos que o Marcio tem total condições de ser um grande senador.”
Imbróglio
Conforme informações do PSB, em abril, Lacerda teria comunicado à direção nacional do partido que não se candidataria ao Governo estadual por razões pessoais. Em maio, ele reconheceu a possibilidade de se lançar como candidato à vice-presidência na chapa de Ciro Gomes (PDT). “Esta aliança não teria nenhum problema, pois o PDT está entre os partidos que a nossa resolução prevê aliança”, explica Renê. Após a candidatura ao lado de Ciro não ser viabilizada, o pessebista teria manifestado interesse na coligação com o MDB na disputa para o governo. “No dia 5 de agosto, ele disse que abriria mão para sair como senador em uma aliança com o PSDB, novamente, explicamos que isto era contrário às diretrizes do PSB. Não entendemos porque ele está insistindo em desacatar as regras.”
Negociação
Na negociação entre partidos, uma vez que Lacerda retirasse sua pré-candidatura em prol de Pimentel, a vereadora Marília Arraes (PT) faria o mesmo pelo atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), candidato à reeleição. Em troca, o PSB se manteria neutro na disputa presidencial, sem manifestar apoio a Ciro. Na conversa com a Tribuna, Renê disse que a articulação política não foi o motivo para a decisão de inviabilizar Lacerda. “Isto veio a calhar. Na verdade, a decisão do partido se refere ao desacato do Marcio com as regras que foram deliberadas e votadas por todos.”
Lacerda confirma participação em debate
Procurada pela Tribuna, a assessoria de Marcio Lacerda não se manifestou. Nas redes sociais, o candidato confirmou que irá participar do primeiro debate televisivo para candidatos aos Governo de Minas nas eleições 2018. O programa será exibido nesta quinta (16), às 22h, na TV Bandeirantes. Também estarão no encontro Antonio Anastasia (PSDB), Claudiney Dulim (Avante), Dirlene Marques (PSOL), Fernando Pimentel (PT) e João Batista dos Mares Guia (Rede).
No dia 2 de agosto, Lacerda concedeu entrevista coletiva à imprensa de Belo Horizonte em que afirmou que levaria sua empreitada eleitoral adiante. “Esta tentativa de intervenção do PSB mostra que a velha política continua prosperando. Este acordo (entre PT e PSB) veio para fortalecer tradicionais forças políticas que colocaram o Brasil na mais grave crise”, afirmou aos jornalistas.