Profissionais da enfermagem se mobilizam em defesa do piso salarial em JF

De acordo com o Sinserpu, categoria entrará em greve a partir do dia 10 de março se demanda sobre piso salarial não for atendida


Por Nayara Zanetti, sob orientação do editor Eduardo Valente

14/02/2023 às 11h07- Atualizada 14/02/2023 às 12h11

Foto: Nayara Zanetti

Na manhã desta terça-feira (14), o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juiz de Fora (Sinserpu) reuniu dezenas de pessoas em frente à Câmara Municipal de Juiz de Fora reivindicando o pagamento do piso salarial dos profissionais da enfermagem contratados pela Prefeitura. A categoria afirma que se a reivindicação do aumento salarial não for atendida, os enfermeiros poderão entrar em greve a partir do dia 10 de março.

A paralisação, com duração de 24h, ocorre em várias regiões do país contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu o piso salarial da categoria, em setembro do ano passado. Além da movimentação pela garantia do piso salarial da enfermagem, também ocorreu durante a manifestação uma reunião para votar a respeito da deliberação sobre a adesão à paralisação das atividades, que determinou greve no dia 10 março, caso a situação não seja resolvida. 

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“Nós já estamos nessa luta há muito tempo, trabalhamos na Covid, salvamos muitas vidas, e agora, neste momento, esperamos que o piso seja liberado. Se não tiver jeito, vamos parar geral no dia 10 de março”, afirma o diretor de saúde do Sinserpu, Rozivaldo Gervásio.

Segundo a entidade sindical, 30% dos servidores não pararam as atividades, como previsto em lei, e o Executivo municipal e a Secretaria de Saúde foram comunicados a respeito do ato. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) afirmou, em nota divulgada à Tribuna, que reconhece como justa a aplicação do piso e aguarda a autorização legal para fazer esse pagamento. A PJF também informou que ainda não foi possível medir os impactos na rede SUS do município.

Demanda antiga

Desde de setembro de 2020, a categoria reivindica o piso salarial. Atualmente, os auxiliares e parteiras ganham um salário mínimo, com o reajuste aumentaria para R$ 2.375, já o técnico de enfermagem para R$ 3.325 e os enfermeiros R$ 4.750. O presidente do Sinserpu, Francisco Carlos da Silva, diz que essa movimentação já vem acontecendo ao longo do ano passado e a expectativa é que agora seja resolvido com uma medida provisória para liberação do piso no início de março.

Técnicos e auxiliares de enfermagem do Hospital de Pronto Socorro (HPS) e das Unidades Básicas de Saúdes (UBS) entrevistados pela reportagem relatam a insatisfação com a ausência de um piso para a categoria e reclamam que essa demanda é antiga.

“Uma hora você é herói e outra hora você tem seus direitos negados. A maioria das classes tem seus pisos e a enfermagem não.”

Os profissionais também destacaram a sobrecarga com a rotina dupla de trabalho, muitas vezes necessária para contornar o baixo salário. 

“São mais de 30 anos nessa luta. Nós precisamos desse piso para alimentar a nossa família e termos outros projetos de vida até, quem sabe, realizar os nossos sonhos. O que todo mundo quer é parar de ter que trabalhar em dois empregos para sustentar a família, porque isso é desumano”, diz um dos técnicos que preferiu não ser identificado.

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Outro auxiliar ressaltou que esse direito se fez ainda mais necessário durante a pandemia de Covid-19, que causou uma sobrecarga maior nos profissionais da área. “Nós perdemos colegas de trabalho, amigos e familiares na pandemia. Ficamos na linha de frente o tempo todo sem poder tirar férias ou até mesmo feriado. É uma falta de respeito muito grande, estamos reivindicando um direito nosso que já era para ter sido atendido há 30 anos.”

Outras demandas

Segundo o presidente do Sindicato, o ato também marca outras demandas relacionadas à Prefeitura, como a necessidade de nomenclatura adequada para os cargos da área, concursos internos e problemas que os auxiliares têm enfrentado com o vale alimentação. “Estamos enfrentando um problema operacional com o cartão do ticket, os servidores estão passando vergonha na hora de fazerem as compras.” De acordo com ele, a paralisação de hoje não atrapalha a negociação dessas demandas com a PJF, que já está em curso.

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