PF recolhe imagens do percurso de Bolsonaro no Calçadão

Material foi encaminhado para Belo Horizonte nesta quinta (13). PF deve abrir nova linha de investigação do caso


Por Pedro Capetti, estagiário sob a supervisão de Luciane Faquini

13/09/2018 às 09h10- Atualizada 13/09/2018 às 12h49

A Polícia Federal (PF) recolheu imagens de câmeras de segurança dos locais por onde o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) passou, principalmente do trajeto feito por ele no Calçadão da Rua Halfed até o momento em que foi esfaqueado. O material foi enviado para Belo Horizonte nesta quinta-feira (13), onde deverá ser periciado. Também foram apreendidos em uma lan house da cidade seis unidades de disco rígido de computadores, utilizados por Adelio Bispo recentemente.

Foi o dono do estabelecimento comercial quem informou à polícia que ele frequentou o local por cerca de uma semana, pelo menos duas vezes por dia. O hábito de buscar lojas de copiadoras para usar computadores foi confirmado por uma comerciante da região central que prefere não ser identificada. Ela contou que o funcionário da loja reconheceu Adelio na TV, mas não sabe qual o dia em que ele foi até o local e nem se ele usou alguma máquina de sua loja.

PUBLICIDADE

Uma segunda linha de investigação para apurar detalhes sobre o atentado contra Bolsonaro foi iniciada para descobrir de onde vem o dinheiro de Bispo, conforme matéria publicada pelo jornal “O Globo”. Contas ligadas aos três cartões do autor do atentado, um deles internacional, já tiveram o sigilo bancário quebrado. Uma das hipóteses levantadas é de que ele teria um financiador que poderia estar vinculado ao atentado. Até o momento, no entanto, o material periciado e as pessoas interrogadas pela PF apontam que o agressor agiu sozinho.

Hoje investigado, agressor já foi denunciante do MPF

Um dia da caça, outro do caçador. O famoso ditado popular define bem a vida de Adelio Bispo de Oliveira, 40 anos, o homem que esfaqueou o candidato a presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) em Juiz de Fora. Hoje investigado em virtude do atentado pelo Ministério Público Federal (MPF), Adelio já foi denunciante do próprio MPF em 2015, em Uberaba, cidade na região do Triângulo Mineiro.

Adelio ofereceu denúncia alegando superfaturamento no processo de compra e instalação dos equipamento do programa “Academias ao ar livre” da Prefeitura Municipal de Uberaba. Ao todo, dez praças receberam o material, adquiridos com recursos federais.

O agressor de Bolsonaro argumentava que solicitara orçamento para a empresa vencedora e recebera orçamento no valor aproximadamente de R$ 20 mil, enquanto a placa fixada na praça indicava que foram gastos R$ 279.664. O pedido foi arquivado em 2016 após investigação feita pelo procurador Thales Messias Pires Cardoso. Não houve elementos a indicarem a ocorrência de superfaturamento na contratação.

Procurado, o prefeito de Uberaba, Paulo Piau (MDB) não associou o nome de Adelio Bispo à denúncia respondida ao MPF. A situação se repetiu na Procuradoria do Município, na qual ninguém ligou o denunciante ao homem que esfaqueou Jair Bolsonaro.

Filiado ao PSOL de Uberaba entre 2007 e 2014, Adelio sempre teve um perfil ativo politicamente durante o tempo em que morou no Triângulo Mineiro. Foi ele o responsável por organizar diversas manifestações contra o ex-prefeito Anderson Adauto Pereira entre 2005 e 2007. Uma funcionária da Prefeitura relatou à Tribuna que Adélio era um dos principais organizadores de protestos e passeatas. “Ele era meio radical”, disse.

O conteúdo continua após o anúncio

Desde o último sábado (8), Adelio Bispo está preso no presídio federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Ele está isolado dos demais acautelados. Ele confessou ter esfaqueado o candidato à presidência Jair Bolsonaro na última quinta-feira (6), em Juiz de Fora.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.