Juiz-foranos vão às ruas em manifestação a favor da educação

Manifestantes contestam decisões que consideram como ataques à educação pública


Por Renato Salles

13/08/2019 às 18h02- Atualizada 13/08/2019 às 21h03

Assim como em atos anteriores, a mobilização desta terça-feira (13), concentrada no Calçadão da Halfeld, segue calendário nacional (Foto: Fernando Priamo)

Pela terceira vez em 2019, setores ligados à educação marcam presença nas ruas de Juiz de Fora para protestar contra o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Assim como em atos anteriores, a mobilização desta terça-feira (13) segue calendário nacional e vem sendo chamada de “3º Dia Nacional de Paralisação da Educação” ou “3º Tsunami da Educação”. Os manifestantes contestam decisões que consideram como ataques à educação pública, como as retenções orçamentárias impostas pelo Ministério da Educação (MEC) às universidades federais, além de críticas ao programa Future-se, recentemente apresentado. Os presentes também repudiam a reforma da Previdência aprovada pelo Câmara dos Deputados, que muda as regras de aposentadoria e ainda carece de debate no Senado. Além de setores ligados à educação, a manifestação recebe representantes de movimentos sindicais e sociais e de partidos políticos posicionados mais à esquerda do espectro político nacional.

Inicialmente, a manifestação em Juiz de Fora estava marcada para acontecer a partir das 17h, no Parque Halfeld. No entanto, como, a partir das 18h, o prédio da Câmara receberia o velório do ex-jogador do Tupi Moacyr Toledo, que faleceu nesta terça-feira, a concentração foi transferida para o Calçadão da Rua Halfeld. Com a mudança de endereço, os manifestantes tiveram que negociar com a Polícia Militar (PM) o acesso de um carro de som ao Calçadão.

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Concomitantemente ao protesto, professores das redes municipal, estadual e federal convocaram paralisação para esta terça-feira, comprometendo, assim, as aulas nas escolas do município e do estado e também na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no IF Sudeste e no Colégio de Aplicação João XXIII. Técnicos-administrativos em educação e estudantes da UFJF também decidiram cruzar os braços no dia de mobilização dos setores da educação. O destino final do grupo foi a Praça da Estação.

Foto: Fernando Priamo

Durante a manifestação, várias lideranças estudantis discursaram no caminhão de som, entre cânticos e gritos de guerra, as principais críticas dos discentes foram com relação ao Future-se, defendido pelo MEC. Para os manifestantes, a proposta significa o início de um processo de privatização das universidades e dos institutos federais. Antes da mobilização no Parque Halfeld, os estudantes se concentraram na Praça Cívica do Campus da UFJF, de onde partiram em marcha até a região central da cidade.

Entre detentores de mandato, o deputado estadual Roberto Cupolillo (Betão, PT) e o vereador Juraci Scheffer (PT) marcaram presença no evento. “Estamos vivendo um momento de grande desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, pela educação e pela universidade pública”, afirmou Scheffer, defendendo a sequência da mobilização nas críticas ao Governo do presidente Jair Bolsonaro. “Quero saudar em especial a juventude. Ela vai ser triplamente prejudicada por estas propostas do Governador Bolsonaro”, afirmou Betão, alegando possíveis prejuízos para os mais jovens. Sobre o Future-se, o deputado afirmou que a proposta quer “transformar as universidades públicas em organizações sociais que vão ter que buscar na iniciativa privada recursos para a pesquisa e a extensão”.

Durante a manifestação, também ocorreram momentos de críticas à atuação do ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, nos processos da Operação Lava Jato, e pleitos pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde o ano passado após condenação em segunda instância pelo caso do Triplex. A passagem dos manifestantes pela Getúlio Vargas comprometeu a fluidez do trânsito na via, que precisou ser organizado por destacamentos da Polícia Militar.

Adesão

De acordo com o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF), 86% dos docentes da rede municipal aderiram à paralisação. Antes do ato, a categoria se reuniu em assembleia e discutiu os rumos das negociações mantidas com a Prefeitura, relacionadas à campanha salarial de 2019. Por sua vez, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que, “das 101 escolas da rede municipal, cerca de 80% aderiram a paralisação”.
Já com relação à rede estadual, o braço local do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) avaliou que 70% dos professores estaduais que integram a Superintendência Regional de Juiz de Fora aderiram à paralisação. Por outro lado, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) encaminhou nota à Tribuna afirmando que, em balanço até o meio da tarde, mais de 91% das escolas estaduais tiveram funcionamento normal ou parcial nesta terça-feira.

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A reportagem também buscou uma avaliação da paralisação junto à assessoria da UFJF, por e-mail e contato telefônico, mas não conseguiu contato até por volta das 17h30. Via de regra, a instituição federal evita comentar e diz respeitar as deliberações de classe. Na avaliação do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Juiz de Fora (Sintufejuf), até 90% dos trabalhadores cruzaram os braços nesta terça, o que comprometeu os serviços da Reitoria e de secretarias, bibliotecas, de transporte e da Farmácia Universitária. Já a Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes) avaliou que a adesão atingiu 90% dos professores da rede federal.

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