Entrevista ‘Todos somos líderes’


Por RENATO SALLES

12/04/2015 às 06h00

O presidente nacional do Movimento Muda Brasil (movimentomudabrasil.com), o advogado Nelson Flávio Firmino, 45 anos, que se identifica como responsável pela organização do protesto contra o Governo federal que levou milhares de pessoas às ruas de Juiz de Fora no dia 15 de março, conversou com a Tribuna na tarde da última quarta-feira. Natural de Três Corações, ele falou sobre as bandeiras do movimento, suas ferramentas de financiamento e o intuito de rumar para Brasília, onde, ao lado de lideranças de outros grupos, pretende protocolar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para a manifestação de hoje, ele espera um número ainda maior de pessoas nas ruas.

Tribuna – Como surgiu o Muda Brasil e qual sua relação com Juiz de Fora?

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Nelson Flávio Firmino – A origem foi em Minas, em função de uma grande insatisfação popular com relação ao atual Governo federal, às políticas econômicas e aos desvios de verbas públicas. Hoje, o Muda Brasil está presente em todos os estados. Na cidade, fica a coordenação nacional. Nas coordenações estaduais, traçamos um mesmo eixo apartidário, que visa a preservar o estado democrático de direito, combater a improbidade administrativa, corrupção, desvio de dinheiro público e desmandos.

– Quais as bandeiras defendidas?

– Nós defendemos reforma política e tributária, desde que não seja realizada pelo atual Governo. Defendemos também a saída do ministro Toffoli (Dias Toffoli) do Supremo Tribunal Federal. Ele deveria se declarar suspeito, pois foi advogado do PT durante cinco anos. Contudo, é importante deixar claro que o movimento não tem por objetivo combater o PT, mas, sim, as improbidades administrativas e atos de corrupção.

– O Muda Brasil tem algum vínculo político?

– Nenhum. É um movimento apartidário.

– No site, entre as fotos do lançamento do movimento na Câmara, há imagens do deputado federal Marcus Pestana, presidente estadual do PSDB. Há alguma vinculação do partido com o grupo?

– Nenhuma ligação. Marcus Pestana foi um grande líder estudantil e foi lá para falar da importância de movimentos sociais, como esse. Esse foi o tema do discurso. Ele sequer falou em nome do PSDB.

– A coligação da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência se chamava Muda Brasil, isso foi uma referência para o nome do movimento?

– É uma referência no sentido da insatisfação popular com o atual Governo. Apenas nesse sentido.

– Você tem alguma ligação político-partidária?

– Iniciei no PSDB, mas hoje não sou filiado, pois estou em um movimento apartidário. Quando tomamos uma postura de liderar uma mobilização assim, não há razão para estar vinculado a um partido. Assim, caso meu ex-partido estivar envolvido em alguma dessas situações combatidas pelo movimento, também iremos nos posicionar.

– Tem alguma aspiração eleitoral?

– Nenhuma. Gostaria de deixar isso bem claro. Não tenho aspiração em disputar um cargo eletivo.

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– Como o senhor foi escolhido como presidente?

– Houve um consenso entre várias lideranças, e fui convocado para fazer um alinhamento único. Na verdade, todos somos líderes. Ninguém tem pleito político. Nossa missão é realmente combater esses desmandos administrativos.

– Como as manifestações são financiadas?

– Com recursos dos próprios participantes, a partir de doações voluntárias e aquilo que passamos a chamar de vaquinha eletrônica. Pelo WhatsApp, vemos quanto cada um pode contribuir, além de outras ferramentas, como a venda de camisas.

– É possível encontrar mais de um site que leva o nome “Muda Brasil”. São movimentos distintos?

– Temos um site oficial, que coordena grupos no WhatsApp em várias cidades. Há algumas páginas que também levam esse nome, que fazem referência à coligação do Aécio nas eleições passadas e não têm ligação conosco.

– O que você espera da manifestação em Juiz de Fora neste domingo?

– Esperamos dobrar o número de pessoas. No dia 15 de março, tivemos cerca de dez mil manifestantes nas ruas. Foi um momento histórico na cidade, com a Avenida Rio Branco tomada.

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