Demissão na Almaviva é tema de audiência pública na Câmara de JF

Participantes da sessão apresentaram existência de um cenário de grande pressão sobre os trabalhadores, que estaria gerando diversos processos de demissão por justa causa.


Por Tribuna

11/07/2017 às 19h33- Atualizada 11/07/2017 às 20h02

O processo de demissões efetuado pela empresa Almaviva do Brasil foi tema de audiência pública realizada na Câmara, nesta terça-feira (11), a pedido do vereador Roberto Cupolillo (Betão, PT). Durante a sessão, representantes de funcionários da empresa e do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (Sinttel) apontaram a existência de um cenário de grande pressão sobre os trabalhadores, que estaria gerando diversos processos de demissão por justa causa. A ausência da empresa na reunião foi criticada pelos presentes. Por nota, a Almaviva afirmou que não foi convidada para a audiência e considerou as denúncias descabidas e sem fundamento.

Funcionários que fizeram uso da palavra no plenário relataram a prática de assédio moral por parte da administração da empresa, o que explicaria a grande rotatividade de trabalhadores. Segundo eles, houve a demissão de 270 empregados nos últimos tempos. O diretor da Federação dos Trabalhadores em Telecomunicações e coordenador geral do Sinttel, Thiago Ribeiro, disse que as denúncias de assédio são constantes e diversos empregados sentem acuados por medo de perder o emprego. “A situação na empresa não é nova, temos denúncias de outras cidades. Além do assédio, existe rotatividade. A cada seis meses, são novos trabalhadores. Devido à terceirização, existem funcionários que não saem de férias há cinco anos.”
Representantes sindicais afirmaram que a Almaviva teria realizado, por dia, uma média de cinco demissões por justa causa. “A grande pressão que temos que enfrentar acarreta problemas psicológicos, sem falar os equipamentos precários (disponibilizados), que também resultam em problemas corporais”, afirmou o trabalhador Vinícius de Oliveira, que fez uso da tribuna para reclamar dos danos à saúde dos colaboradores.

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Laiz Perrut, representando o Sindicato dos Metalúrgicos, afirmou que a juventude é uma categoria fragilizada no mercado de trabalho, principalmente no que diz respeito às empresas de telemarketing. “Essa já é a terceira audiência pública realizada para tratar de questões de empresas de telecomunicações na cidade, o que demonstra que algo é preciso ser feito para reverter essa situação”, disse. Segundo Laiz, as empresas impõe um ritmo de trabalho a suas funcionárias que as impediria de usar o banheiro quando desejarem, inclusive no período menstrual.

Segundo Betão, propositor da audiência pública, ele irá encaminhar uma representação para votação na Câmara para dar continuidade às demandas dos trabalhadores. “Vamos tentar uma representação junto ao Ministério Público do Trabalho e formar uma comissão da Câmara para, ao lado do sindicato e do Ministério Público, caso sejam comprovadas as acusações, acompanhar a situação na Almaviva, que deve se estender a outras empresas de telemarketing”, pontuou, acrescentando que a realização da audiência foi um pedido do Sinttel.

Outro lado
Em nota enviada à Tribuna, a Almaviva afirmou que não recebeu comunicação formal de autoridades (vereadores ou sindicato) sobre a realização da audiência pública citada. “Desta forma, não poderia, portanto, enviar um representante da empresa.” A companhia ressaltou que adota políticas para coibir qualquer prática relacionada a desvios de finalidades do vínculo empregatício. Segundo a empresa, os colaboradores contam com ouvidoria on-line, independente e paritária, para apuração das denúncias.

Ainda por meio de nota, a empresa afirmou que “é inexistente qualquer prática para criação de demissões por ‘justa causa’, figura prevista na Legislação Trabalhista e pela empresa atendida”. A Almaviva disse que os desligamentos por justa causa ocorridos na unidade de Juiz de Fora foram em decorrência de “falsificação de atestados, ato criminoso; ofensa a clientes; ou por questões operacionais em grave desacordo com o regimento da empresa”.

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