Codemge coloca Expominas Juiz de Fora à venda

Edital de licitação, que, atualmente, está aberto, prevê valor inicial de referência estimado em R$ 61 milhões


Por Renato Salles

08/12/2021 às 07h46- Atualizada 08/12/2021 às 12h37

O imóvel que sedia o Expominas Juiz de Fora, na altura do km 790 da BR-040, pode ser vendido. Já está aberto um edital da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) que prevê a alienação do espaço. A abertura das propostas da concorrência está programada para o dia 6 de janeiro de 2022. O preço estimado como valor de referência do imóvel é de pouco mais de R$ 61 milhões. Segundo as regras do certame, o possível comprador do espaço, contudo, “deverá manter a finalidade do imóvel como sendo um Centro de Convenções”. Tal exigência se dá por conta de legislação municipal de 2005 que chancelou a doação à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), por parte do Município de Juiz de Fora, da área em que o espaço foi construído.

Governo estadual alerta que a marca “Expominas” não está sendo vendida com o imóvel; eventual interesse em sua utilização deverá ser objeto de contrato de cessão de uso da marca (Foto: Fernando Priamo)

O edital de licitação prevê que a concorrência ocorra no modo de disputa aberto, tendo como critério de julgamento a maior oferta de preço. As balizas a serem seguidas respeitarão a legislação federal que trata do estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, e de outros dispositivos legais pertinentes. “A marca ‘Expominas’ não está sendo vendida juntamente com o imóvel e eventual interesse em sua utilização pelo futuro comprador deverá ser objeto de contrato de cessão de uso da marca”, pontua o edital. A licitação “é aberta a todos os interessados, pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeiras, autorizadas a funcionar no país, que estejam em condições legais de exercício e que atendam integralmente às exigências e condições” colocadas para o certame.

PUBLICIDADE

A Tribuna entrou em contato com a Codemge para saber quais as motivações para a venda, mas, até a edição desta reportagem, o jornal ainda não havia obtido retorno.

Preocupação

Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora (ACE), Aloísio Vasconcelos afirma que as lideranças do setor produtivo da cidade têm acompanhado de perto a situação do Expominas Juiz de Fora. Inclusive, o futuro do aparelho deve ser alvo de conversas entre Aloísio e representantes do Governo de Minas, em viagem a Belo Horizonte que ele deve cumprir nos próximos dias. “Não podemos perder um patrimônio desse, que foi criado como uma alavanca para o desenvolvimento de Juiz de Fora. Se ele for vendido, precisamos desta garantia de que aquilo seja um centro de convenções”, afirma o presidente da ACE.

Aloísio ressalta que, inclusive, já manteve conversas com o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, sobre o tema. “A nossa ideia é criar uma parceria público-privada com os hotéis de Juiz de Fora para que eles possam explorar o Expominas e ter um calendário consistente de eventos. Desde julho, quando o secretário esteve aqui em Juiz de Fora, estamos tratando desse assunto. Nós continuamos acreditando que ele pode e deve ser uma grande alavanca para o desenvolvimento regional. Hoje, não cumpre esse papel porque não tem gestão nenhuma, não tem ninguém para atrair investimentos, nem nada do tipo. Mas acreditamos que isso possa se viabilizar”, considerou.

Vice-presidente do Juiz de Fora Convention, Thais Lima, afirma que o setor de eventos da cidade também está atento à situação do Expominas. Para ela, a solução para o local seria uma parceria entre o poder público-privada, conciliando um aporte financeiro do Estado com uma gestão colaborativa com entidades privadas. Ela afirmou que o receio do segmento é de que pela atual conjuntura financeira pela qual passe o país, a cidade perca o espaço para outra atividade, que não promova tanto emprego e renda quanto o turismo e os eventos. Toda cidade sonha em ter um equipamento igual ao Expominas. O ideal seria uma gestão coparticipativa entre público e privado.”

Tentativa frustrada
Em 2017 foi realizada uma licitação para a escolha de empresa interessada em explorar o Expominas Juiz de Fora. Não existiram, no entanto, propostas no edital, que previa uma remuneração mínima mensal de R$ 100 mil à Codemig. A duração do contrato seria de 15 anos, podendo ser prorrogado por igual período. A abertura dos envelopes com as propostas estava agendada para acontecer em Belo Horizonte. Desde sua inauguração, há 15 anos, o local é considerado subutilizado.

Espaço tem infraestrutura para receber até 13 mil pessoas

No próprio site da Codemge, o Expominas Juiz de Fora é descrito como “um espaço multiuso, com infraestrutura para receber até 13 mil pessoas, simultaneamente, em exposições, feiras, congressos e convenções”. O espaço destinado à realização de eventos é de 15 mil metros quadrados. Inaugurado em 2006, o centro de convenções está localizado às margens da BR-040, na altura do km 790, a 15 minutos do Centro da cidade. O imóvel foi construído em um terreno de 126 mil metros quadrados e conta com uma área construída de 20 mil metros quadrados.

“O conceito e a marca Expominas se expandiram para a Zona da Mata, com a inauguração, em 2006, do empreendimento em Juiz de Fora. A construção denota a alta capacidade econômica da cidade, que desponta como polo industrial e comercial. O investimento da Codemge totalizou R$ 47,6 milhões”, afirma a companhia estatal em seu site. A companhia reforça ainda que a estrutura do espaço permite a realização de eventos de até oito mil pessoas simultaneamente, possibilitando a realização de seis eventos distintos.

O conteúdo continua após o anúncio

Para isso, o centro de convenções possui um pavilhão em dois pavimentos para feiras e eventos, que juntos totalizam 8.340 metros quadrados; teatro com 1.525 assentos; quatro salas multiuso; um hall nobre; áreas de serviços e apoio e estacionamento para 1.100 veículos; além de sistema de ar condicionado central.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.