Após muitas especulações, Bruno Siqueira renuncia à Prefeitura

De olho nas eleições de outubro, prefeito oficializa sua saída do Poder Executivo. Ainda não há definições sobre qual cargo emedebista irá disputar


Por Renato Salles

05/04/2018 às 17h29- Atualizada 06/04/2018 às 12h13

A renúncia do prefeito Bruno Siqueira (MDB) do cargo de chefe do Executivo municipal é questão de horas. Na tarde desta quinta-feira (5), Bruno convocou todo o secretariado e a executiva municipal do MDB para comunicar sua decisão de disputar um novo cargo nas eleições de outubro. O comunicado do afastamento definitivo deve ocorrer nesta sexta-feira (6), pela manhã, na sede do partido, em entrevista coletiva. Em seguida, o prefeito deve assinar a carta de renúncia e despedir de sua equipe em evento, inicialmente agendado, para o Teatro Paschoal Carlos Magno. Às 14h, o vice Antônio Almas (PSDB) será empossado prefeito em solenidade na Câmara Municipal.

Foto: Fernando Priamo

O anúncio ocorre 461 dias após o emedebista iniciar seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A renúncia deve ser protocolada na Câmara e reforçada por publicação a ser veiculada no Atos do Governo do Diário Oficial Eletrônico do Município deste sábado (7). Com a saída de cena momentânea de Bruno, Antônio Almas irá assumir a PJF em caráter definitivo e deve ocupar a cadeira até o fim do atual mandato, em 31 de dezembro de 2020. O prefeito ainda não confirmou, mas as informações são de que ele deve pleitear a indicação do MDB para disputar uma das duas cadeiras para o Senado.

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Bruno ainda não comentou publicamente sobre seu afastamento, mas ele acontece em meio a diversas especulações que já se arrastam desde o final de 2016. Já na ocasião, às vésperas das eleições em que Bruno confirmou nas urnas seu segundo mandato, as reportagens da Tribuna e da Rádio CBN Juiz de Fora já haviam questionado o prefeito sobre a possibilidade de deixar a função antes de o término de sua segunda gestão. Tal possibilidade, porém, não chegou a ser utilizada por nenhum dos adversários de Bruno durante o último pleito municipal, favorecendo um novo sucesso do atual prefeito nas urnas. Desde então, o emedebista evitou tratar da questão de forma aberta, postergando a decisão até o prazo final.

Conforme a legislação eleitoral vigente, para estar apto a disputar as eleições, o prefeito teria que ter sua desincompatibilização do cargo oficializada até este sábado, 7 de abril, a seis meses do pleito agendado para os dias 7 e 28 de outubro, quando acontecem, respectivamente, os primeiro e segundo turno da contenda que irá definir os ocupantes de cadeiras parlamentares no Senado, na Câmara e nas assembleias legislativas distrital e estaduais, além de governadores e vice-governadores e presidente e vice-presidente. Tal exigência deve ser cumprida com a entrega da carta de renúncia ao Poder Legislativo e a consequente publicação da decisão nos atos do Governo.

Mesmo com a oficialização da renúncia, as especulações em torno do futuro de Bruno Siqueira devem prosseguir pelos próximos meses e prometem se estender, uma vez que o último dia para partidos políticos e coligações apresentarem o requerimento de registro de candidatos é 15 de agosto. Agora ex-prefeito, ele já teve seu nome especulado como candidato ao Senado, a deputado federal e a deputado estadual. Mais recentemente, chegou a ter ventilada a indicação como candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo governador Fernando Pimentel (PT), em caso de uma reedição da dobradinha entre MDB e PT, para viabilizar a reeleição do petista. Todos os cenários, contudo, dependem das articulações partidárias. O MDB tem prévias agendadas para maio.

Caso opte por disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o sucesso nas urnas significaria o retorno do agora ex-prefeito de Juiz de Fora ao Legislativo estadual após seis anos. No final de 2012, Bruno Siqueira deixou a mesma função após disputar e vencer a Prefeitura pela primeira vez, sendo empossado para o primeiro mandato em 1º de janeiro de 2013. À época de sua primeira campanha para o Poder Executivo municipal, o emedebista fez uma campanha muito crítica ao então prefeito Custódio Mattos (PSDB), que tentava a reeleição, mas não obteve sucesso nas urnas, sendo alijado até mesmo do segundo turno da contenda.

Curiosamente, Bruno sai momentaneamente de cena e deixa a PJF sob a responsabilidade do vice-prefeito Antônio Almas (PSDB), quadro próximo ao grupo político de Custódio, uma vez que teve sua indicação apoiada pelo presidente da Câmara, o vereador Rodrigo Mattos, que deixou o PSDB e assinou com o PHS nesta quinta-feira (5). Almas também foi candidato a vice-prefeito pelo PSDB em 2004, exatamente em chapa encabeçada por Custódio Mattos e derrotada em segundo turno na ocasião pelo ex-prefeito Alberto Bejani (PSL), então no PTB.

Eleito vice-prefeito de Juiz de Fora nas eleições de outubro, Antônio Almas (PSDB) será alçado à chefia do Poder Executivo Municipal após a confirmação da renúncia do prefeito Bruno Siqueira (MDB), o que deve ocorrer nesta sexta-feira (6).

Antônio Almas será o 23º prefeito de Juiz de Fora (Foto: Fernando Priamo)

Mandato interrompido de forma antecipada pela 3ª vez

Com sua história na Prefeitura abreviada de forma voluntária antes do fim de seu segundo mandato, Bruno Siqueira teve uma trajetória pública meteórica. Nascido e criado em Juiz de Fora e filho do ex-deputado federal Marcello Siqueira (MDB), o emedebista já se envolveu com as discussões políticas enquanto cursava Engenharia Civil na Universidade Federal de Juiz de Fora e presidiu o Diretório Acadêmico da faculdade. Já em 2000, ainda aos 26 anos, foi eleito pela primeira vez vereador na Câmara Municipal, onde exerceu dois mandatos e meio e chegou a presidir a Casa entre 2009 e 2010.

Em 2010, ainda como presidente da Câmara, Bruno disputou as eleições e foi o candidato a deputado estadual mais votado em Juiz de Fora, onde obteve 43.429 de seus 68.437 votos em todo o estado. Eleito para a Assembleia Legislativa, o emedebista interrompeu pela primeira vez um mandato eletivo em 2011, quando deixou sua cadeira na Câmara e seguiu para Belo Horizonte.

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Um ano depois, ele voltaria a testar seu prestígio nas urnas. Em 2012, aos 38 anos, entrou para disputar a Prefeitura pela primeira vez e desbancou os favoritos Margarida Salomão (PT) e o então prefeito Custódio Mattos (PSDB), vencendo a petista no segundo turno, por 163.686 votos (57,16% da votação válida) a 122.684 (42,84%), vitória que forçou a Bruno a abandonar o segundo mandato eletivo pela metade.

Após quatro anos, em 2016, Bruno disputou a reeleição e afiançou a renovação do comando da PJF ao bater novamente Margarida no segundo turno da contenda eleitoral – 151.194 votos (57.87% da votação válida) a 110.059 (42.13%). Agora, com a decisão de deixar a Prefeitura para disputar as eleições de outubro, Bruno deixa um mandato eletivo pela terceira vez, agora aos 43 anos. A saída, no entanto, tem uma característica distinta já que, ao contrário do que ocorreu em 2011 e 2012, acontece antes de o emedebista ter afiançado nas urnas uma nova cadeira.

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