Assembleia Legislativa discute violência contra jovens negros em JF
O debate foi solicitado pelo deputado Cristiano Silveira (PT), a partir de denúncias apresentadas por representantes de movimentos sociais
A violência contra jovens negros e pobres em Juiz de Fora foi tema de audiência pública que a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou na noite desta segunda-feira (4), no prédio do Instituto Estadual de Educação, a Escola Normal. O debate foi solicitado pelo presidente da comissão, deputado Cristiano Silveira (PT), a partir de denúncias apresentadas por representantes de movimentos sociais que atuam no combate ao racismo.
Ao abrir a sessão, o deputado estadual Cristiano Silveira apresentou números nacionais para ratificar o entendimento de que a juventude negra é a principal vítima da violência urbana no país, o que, aos olhos do parlamentar, configura um cenário de genocídio. “O Brasil não é um país pacífico. Matamos mais que muitas guerras mundo afora, e a maior vítima desta violência é o jovem negro. O homicídio é a principal causa de morte da juventude negra que mora na periferia de nossas cidades. O extermínio de uma determinada etnia é, sim, um tipo de genocídio.”
Conforme informações repassadas pelo deputado, no Brasil, em quatro anos, o número total de vítimas de homicídio passou de 206 mil pessoas, em sua maioria negros. Segundo dados divulgados pelo Senado, cerca de 23 mil jovens negros são assassinados por ano no país.
Levantamento
Durante a audiência pública, o coordenador da Convergência Negra Juiz de Fora, Martvs das Chagas, apresentou o resultado de um levantamento feito por movimentos sociais da cidade ao longo de novembro, mês da Consciência Negra, durante ação batizada como “20 dias de Ativismo contra o Racismo”. “Este documento ainda precisa ser melhorado, mas trabalhamos aqui a desigualdade e a assimetria observados entre brancos e negros na nossa cidade. Vamos levar às autoridades este levantamento.”
Segundo o levantamento, das 154 mortes violentas registradas na cidade no ano passado, tendo como base números de mensuração mantida pela Tribuna, 85% das vítimas são da população negra e com idade até 29 anos. “A naturalização das mortes das pessoas negras se chama racismo absoluto”, considerou Martvs.
Entre outros, também participaram do debate o secretário Municipal de Desenvolvimento Social de Juiz de Fora, Abraão Gerson Ribeiro; o coordenador regional do Movimento Negro no Estado, Paulo Azarias; a representante do movimento Candaces Organização de Mulheres Negras e Conhecimento, Giane Elisa Sales de Almeida; o coordenador da Organização Lixarte, Reginaldo Barbosa; a integrante da Convergência Negra Juiz de Fora, Dagna Gonçalves Costa; do presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Rogério da Silva; do aluno da Escola Estadual Fernando Lobo Igor Ventura de Aquino; e da rapper Lavínia Rufino de Oliveira.